Bernardo Bittar
postado em 28/08/2019 18:47
Cinco dias após o início da maior crise ambiental enfrentada pelo país nas últimas décadas, o subchefe de Operações do Ministério da Defesa, vice-almirante Ralph Dias, afirma que as equipes enviadas à região têm prioritariamente a missão de "atribuir uma percepção positiva do país em espectro mundial". A declaração ocorreu nesta quarta-feira (28/08) durante entrevista coletiva no centro de operações conjuntas criado após o incidente.[SAIBAMAIS]Questionado sobre o andamento das atividades para minimizar as queimadas na floresta, Dias respondeu que "essa não é uma operação de combate a incêndio, é uma operação de combate a crimes ambientais e atribuir uma percepção positiva do país no espectro mundial". "Desde o momento que o país percebeu uma cooperação interagências, montamos um gabinete para disponibilizar os meios necessários para o combate", disse, referindo-se à Operação Verde Brasil.
"São operações de inteligência e com certo grau de sigilo. O combate aos crimes será trabalhado ao longo do tempo. A GLO (Garantia da Lei e da Ordem) tem um período de validade e é nesse período que tentaremos fazer este planejamento", complementou o vice-almirante.
Ao tratar as operações como uma resposta à pressão internacional, a pasta enfraquece a força-tarefa montada no Brasil para combater não apenas as queimadas e crimes ambientais, mas também as prováveis legislações que poderão ser criadas daqui pra frente. Nesta terça-feira, governadores se reuniram para propor a doação de R$ 1 bilhão do Fundo Petrobras para ajudar na situação da Floresta Amazônica. No Congresso, foi instaurada uma Comissão Mista Permanente sobre Mudanças Climáticas (CNMC) para fiscalizar incidentes climáticos e ambientais.
Na coletiva, o Ministério da Defesa informou que 400 pontos de calor foram registrados na região da Amazônia Legal e que há 19 delegacias responsáveis pela apuração e responsabilização de atos criminosos, como o "Dia do Fogo". Mais de 70 pessoas entre sindicalistas, produtores rurais, comerciantes e grileiros, combinaram, em um grupo do WhatsApp, incendiar a floresta em 10 de agosto, às margens da BR-163, rodovia que liga essa região do Pará aos portos fluviais do Rio Tapajós e de Mato Grosso.
Queimadas
As queimadas no Brasil aumentaram 82% em relação a 2018, se comparadas com o mesmo período de janeiro a agosto ; foram 71.497 focos neste ano contra 39.194 no ano passado. É a maior alta e o maior número registrado no país em sete anos. As informações são do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a partir de imagens de satélite.