Em um ano, três cirurgias e uma quarta a caminho. Esse é o saldo da facada que o presidente Jair Bolsonaro levou em 6 de setembro de 2018, durante a campanha em Juiz de Fora (MG). A nova cirurgia está prevista para 8 de setembro, de forma a garantir que possa participar da reunião de cúpula dos países da Amazônia, na sexta-feira que vem, e do desfile de 7 de Setembro, no próximo sábado.
A nova cirurgia surpreendeu o próprio Bolsonaro e foi decidida durante consulta com o médico Antonio Macedo, que o operou no hospital Albert Einstein no ano passado. ;Faz parte da vida da gente. Foi até uma passagem na vida. Agradeço a Deus por ela e pela missão que tenho no momento;, afirmou o presidente com a voz embargada, ontem, depois de participar de um culto da Igreja Universal do Reino de Deus, ao lado do bispo Edir Macedo.
A interveção será necessária porque foi detectada uma ;hérnia incisional;, conforme nota divulgada pelo médico da Presidência da República, Ricardo Camarinha. ;Bolsonaro foi avaliado clinicamente e será submetido a cirurgia de correção de hérnia incisional, que surgiu em decorrência das intervenções cirúrgicas previamente realizadas;, diz o texto. A cirurgia será no hospital Vila Nova Star, onde o doutor Macedo trabalha atualmente. A decisão de operar o presidente no próximo domingo foi tomada para que ele se recupere a tempo de falar na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas, em 24 de setembro. Será o primeiro grande discurso depois da crise relacionada às queimadas na Amazônia, que chamuscou a relação entre Bolsonaro e o presidente francês, Emmanuel Macron.
Embora, na oposição, há quem diga que Bolsonaro usará a operação para fugir da ida à ONU, o discurso no plenário das Nações Unidas é considerado estratégico pelo governo para o presidente brasileiro possa explicar ao mundo como seu governo pretende agir nas questões ambientais. E, de quebra, tentar tirar a imagem de ;BolsoNero;, difundida na Europa depois do embate com Macron.
Risco menor
A nova intervenção é considerada mais simples que as demais, porém é de médio porte. As outras foram mais complexas. Naquele 6 de setembro, o presidente se submeteu à primeira intervenção cirúrgica ainda em Juiz de Fora, na Santa Casa de Misericórdia. A segunda foi realizada no hospital Albert Einstein, em São Paulo, uma semana depois. A terceira foi em 28 de janeiro deste ano, para retirada da bolsa de colostomia e reconstrução do trânsito intestinal.
Na última cirurgia, o presidente voltou a despachar no Planalto em 15 de fevereiro. Desta vez, esse período de convalescência previsto é menor. Ao postar uma foto com o doutor Macedo e o cardiologista Leandro Echenique, o próprio Bolsonaro, em suas redes sociais, calculou o tempo em que ficará fora do Palácio: ;Pelo que tudo indica ;curtirei; uns 10 dias de férias com eles brevemente.;
Causa e sintomas
Apesar de necessárias, as cirurgias deixam a parede abdominal mais enfraquecida. Uma sutura, por mais bem feita que seja, é sempre pior que o tecido virgem, ou seja, a parede íntegra. Na região da cicatriz, a parede abdominal pode apresentar uma fraqueza, que progressivamente se alarga, permitindo que os órgãos do interior do abdômen se insinuem por esse orifício, causando a hérnia incisional. Como o presidente Jair Bolsonaro foi submetido a três cirurgias no mesmo local, a parede abdominal ficou mais fraca, de forma que a pressão dos órgãos internos pode abrir a cicatriz. Assim, os órgãos da região do abdômen, como as alças intestinais, podem escapar pela abertura, formando um volume no abdômen. Os sintomas costumam ser dor e desconforto.