Apesar das diferenças, parlamentares ouvidos pelo Correio sobre a exploração sustentável no país defendem que é necessário um debate sobre o assunto e que uma legislação se faz necessária. Para o deputado Hiran Gonçalves (PP-RR), coordenador da bancada de Rondônia, é necessário explorar o local com racionalidade e promover geração de emprego para a população local.
;São pessoas desassistidas, que vivem em situação de vulnerabilidade. Precisamos aproveitar para desenvolver a região. Não significa destruir. Temos uma porção de garimpos ilegais lá. Esse ouro que é produzido naquela região, não gera nenhum benefício, sai de uma maneira clandestina e só fica a destruição, o assoreamento dos rios, a exploração sem técnica, sem benefício para nossa população. Precisamos garantir nosso desenvolvimento. Temos que vencer essas discussões extremamente ideológicas;, avalia.
O deputado acredita ainda que a crise ambiental brasileira, que tomou proporções internacionais, não dificulta a discussão sobre a mudança legislativa ou regularização do garimpo, mas defendeu que a falta de um modo mais fino de falar sobre os assuntos em evidência é o que tem atrapalhado o governo. ;O que aconteceu foi a maneira de dizer as coisas, que poderiam ter sido colocadas com mais cuidado, tentando evitar confrontos e dar à sociedade a ideia de que está havendo guerra entre países. Mas é o perfil do presidente, ele coloca as coisas assim, mas foi mais essa repercussão da fala. O trabalho tem que ser feito independentemente de confronto com Alemanha, França. Isso não deve atrapalhar o serviço que está sendo feito e com entes que vivem na região. Acredito que vamos construir um ambiente cada vez melhor nesse sentido de desenvolver e cuidar da Amazônia;.
O senador Rogério Carvalho (PT-SE), presidente da Frente Parlamentar dos Senadores dos Estados do Norte e do Nordeste, apontou também a necessidade de sustentabilidade para o crescimento do país. ;A presença de garimpo em terras indígenas e reservas naturais é algo complexo, que exigirá um diálogo profundo para encontrar uma equação comum sobre o que vai ser feito e como será feito. Logo, é melhor ter algum controle e regulamentação do que não ter nenhum. A ideia do governo é liberar para explorar a reserva. É preciso ter um debate, mas é preciso construir um regramento que, de fato, permita a garantia da sustentabilidade, com respeito às reservas indígenas e como isso será tratado. Precisa ter esse cuidado para que não seja mais uma destruição como a de agora.;
A discussão, no entanto, será desafiadora para Bolsonaro. Para Carvalho, ele enfrentará entraves. ;Vai ter muita dificuldade, as reações virão de todos os lugares. Mexer numa região tão importante como a Amazônia, mexe tanto internacionalmente quanto na nossa identidade, que é ser uma potência ambiental que certificava produção agrícola e pecuária. Estávamos num modelo razoável de produção. O debate tem que acontecer. O mais importante é que não venha na forma de uma MP;, destaca. (IS e RC)