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"Vou nem que seja de maca"

Bolsonaro garante que a cirurgia no abdome, prevista para domingo, não vai atrapalhar a viagem à Assembleia-Geral da ONU, em Nova York, marcada para ocorrer duas semanas depois. Ele diz querer falar sobre a Amazônia, com %u201Cconhecimento e patriotismo%u201D

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 03/09/2019 04:04
Bolsonaro durante entrevista na manhã de ontem: %u201CE não vou aceitar esmola de país nenhum do mundo a pretexto de preservar a Amazônia%u201D


O presidente Jair Bolsonaro rechaçou a possibilidade de a cirurgia no abdome atrapalhar a viagem a Nova York para discursar na abertura da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), no próximo dia 22 de setembro. ;Eu vou comparecer, nem que seja de cadeira de rodas, maca, mas eu vou comparecer. Porque eu quero falar sobre a Amazônia. Mostrar para o mundo, com bastante conhecimento, com patriotismo, falar sobre essa área ignorada por tantos governos que me antecederam;, disse ontem, pela manhã, na frente do Palácio da Alvorada.

O presidente admitiu ter pressa em fazer a quarta cirurgia. O procedimento, que será realizado no próximo domingo, dia 8, poderia ser postergado, mas não vai, para que ele esteja apto a viajar. A agenda de Bolsonaro prevista para o fim de semana é participar da cerimônia comemorativa à Independência do Brasil, no sábado, e embarcar ao fim da tarde para São Paulo. Na capital paulista, ele será submetido a uma cirurgia de médio porte no dia seguinte, no Hospital Vila Nova Star, pelo médico Antonio Luiz Macedo, que o atendeu após o atentado ocorrido há quase um ano.

A Amazônia, segundo Bolsonaro, foi ;praticamente vendida; para o mundo. ;E não vou aceitar esmola de país nenhum do mundo a pretexto de preservar a Amazônia, mas, na verdade, está sendo loteada e vendida;, sustentou. O assunto sobre a região amazônica não será o único elencado por ele no pronunciamento, mas permeará boa parte do discurso. ;Lógico que vai entrar, é um assunto importante. Uma chance que tenho de falar para o mundo sobre a nossa Amazônia. Vou deixar essa oportunidade?;, explicou.

Inviabilização
Sem citar o presidente da França, Emmanuel Macron, o presidente retomou, com tons de ironia, a enfática narrativa patriótica e combativa em defesa da soberania do país sobre a Amazônia. ;Se (eu) fosse, desculpa o linguajar, vaselina, em outras vezes que saí para o mundo afora, bem como em Osaka, se tivesse voltado para cá e tivesse demarcado 30 reservas indígenas, mais áreas de proteção ambiental, mais parques nacionais, a Amazônia seria um Polo Sul ou Polo Norte, não estaria pegando fogo em lugar nenhum. O que eles querem é, cada vez mais, ao demarcar mais terras, inviabilizá-las para nós;, acusou.

Ao contrário do que disse na última sexta-feira, quando sinalizou que faria uma viagem à Amazônia, Bolsonaro deu indícios de que pode acabar não realizando uma viagem à região. ;Não sei se vou visitar, depende do momento aí;, disse. Comentou, contudo, que está ;tudo certo; para, na sexta-feira, viajar a Letícia, na Colômbia. A cidade sediará uma reunião com chefes de Estado da América do Sul, com foco central sobre os países fronteiriços na região amazônica, exceto a Venezuela.

O presidente negou, contudo, apresentar nos próximos dias um pacote ambiental, prevendo medidas para a região. ;Não tem pacote, (meus ministros) estão viajando para colher dados e ver o que a gente pode fazer. Até perguntei: ;Temos recursos, Está certo. Não tem. Não tem recurso. Queremos é a verdade acima de tudo. Repito. Naquela reunião de governadores, só um, mais à esquerda, falou em dinheiro;, declarou, sem citar o nome do chefe estadual.

O capitão reformado sinalizou, em tom irônico, a disposição em conceder recursos aos estados, sob a condição de ser ;entulhado; de demarcações de terras. ;Eu tinha um pacote de demarcações, mais ou menos 400 novas reservas indígenas, que a gente passaria de 14% para 20% a quantidade de área demarcada como reserva indígena no Brasil, o equivalente a uma área das regiões Sudeste e Sul, juntas. Têm mais ou menos 900 novas (áreas) quilombolas. Para governador, se quiser grana, eu dou, mas no estado dele eu vou entulhar de reservas, parques nacionais, e quilombolas. É só falar que quer. Quer US$ 10 milhões? Tá, arranjo para você, e vai ser entregue ao estado dele;, afirmou.

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