postado em 03/09/2019 04:04
O presidente Jair Bolsonaro não descarta demissões no episódio envolvendo o secretário especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia, Carlos da Costa, e o presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Luiz Augusto de Souza Ferreira. Costa é acusado por Ferreira de fazer ;pedidos não republicanos; à autarquia.
Visivelmente incomodado com as suspeitas e acusações expostas à imprensa, Bolsonaro afirmou que tomará as medidas cabíveis para o caso. ;Eu tomei conhecimento e estou louco para saber. Entrei em contato com o Paulo Guedes (ministro da Economia) e quero saber que pedido é esse. Um dos dois (Costa ou Ferreira), no mínimo, vai perder a cabeça;, avisou. ;Não pode ter uma acusação dessas. Vão dizer que ele ficou lá, pois tem uma bomba embaixo do braço? Não é esse o meu governo. Já determinei para apurar. Um dos dois ou os dois perderão a cabeça.;
O impasse se arrasta há dias. Costa chegou ao ponto de demitir Ferreira, alegando que ele não estaria entregando ;resultados planejados;, conforme informa a revista Veja. O presidente da ABDI, por sua vez, não aceitou a decisão e frisou, em entrevista à publicação, que sairia apenas por ordem de Bolsonaro. ;Não tenho a menor dúvida de que o motivo da discussão da minha saída é o ódio do secretário Carlos da Costa, porque não atendi aos pedidos não republicanos dele;, acusou.
Ferreira não informou quais seriam os pedidos ;não republicanos;, mas frisou, ao longo da entrevista, que ;tem potencial de estrago bem grande;. ;O secretário Carlos da Costa me fez pedidos não republicanos e recusei. Ponto. Não posso abrir agora. Liga para ele e pergunta. Fala assim: ;Eu gostaria de saber se você fez algum pedido não republicano para o presidente da ABDI;. Por mais que eu tenha uma vontade enorme de falar, não posso voltar atrás na palavra que dei neste momento;, acusou.
Defesas
Em nota, Costa refutou ;terminantemente; ter feito ;qualquer pedido não republicano;. E reiterou que sua atuação sempre seguiu ;explicitamente as normas aplicáveis à Administração Pública Federal e aos princípios da ética e da integridade;. ;Todas as solicitações feitas pelo secretário foram literais e rigorosamente pautadas pelos princípios de economicidade, legalidade e legítimo interesse público;, informou a assessoria de imprensa. ;Nesse sentido, o secretário determinou que o atendimento das solicitações só poderia ser feito após a manifestação favorável das áreas jurídicas competentes.;
Costa comunicou que está tomando as providências judiciais para interpelar Ferreira sobre as ;denúncias infundadas;. Procurado, o presidente da ABDI informou, por meio da assessoria, que não vai comentar as declarações de Bolsonaro.