Politica

Bolsonaro precisa mudar discursos para ser reeleito, opina Elmar Nascimento

Deputado foi o entrevistado do CB.Poder e falou sobre a relação do parlamento com o governo e a indicação de Eduardo Bolsonaro à embaixada nos Estados Unidos

Thaís Moura*
postado em 04/09/2019 21:52
Deputado foi o entrevistado do CB.Poder e falou sobre a relação do parlamento com o governo  e a indicação de Eduardo Bolsonaro  à embaixada nos Estados UnidosO deputado federal e líder do Democratas na Câmara dos Deputados, Elmar Nascimento (DEM-BA), comentou, nesta quarta-feira (4/9), a relação do parlamento com o governo Bolsonaro e a indicação de Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, à embaixada nos Estados Unidos.
Em entrevista ao CB Poder, programa do Correio em parceria com a TV Brasília, o deputado elogiou a pauta econômica do atual governo, com ênfase nas reformas da Previdência e tributária, e o "cumprimento da agenda de valores" por parte do presidente Jair Bolsonaro. Porém, Nascimento também ressaltou que, se ele (o presidente) quiser ser reeleito em 2022, é preciso "sair do nicho" e discursar ao "público abaixo da linha da pobreza".

Questionado sobre a relação de seu partido com o governo Bolsonaro, o líder do DEM afirmou que, "por decisão do próprio governo, não existe base formal com o congresso e partidos". Apesar disso, Elmar Nascimento apoia a pauta de reformas e de "qualificação do gasto público" presente na Câmara. "A reforma de Previdência e tributária foi algo que o DEM sempre defendeu. Isso nos traz tranquilidade de que, ao trazer para nossa equipe pessoas como Paulo Guedes, que teve total liberdade e carta branca para por a equipe econômica com essa pauta que converge com a nossa, isso facilita. A gente não aderiu a pauta do governo, o governo aderiu a nossa pauta", constatou o parlamentar.

Para o deputado, a aprovação da reforma da Previdência em 1; turno no plenário se deu principalmente por causa da força do presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Porém, segundo ele, isso partiu de uma decisão do presidente Jair Bolsonaro. "Há uma ascendência muito grande do poder Executivo sobre o Legislativo. O presidente, ao querer implementar uma nova política, e tendo alí origem no parlamento, ele deixou o campo aberto para uma retomada desse protagonismo. E o (Rodrigo) Maia, com a liderança dele na Câmara, impôs a priorização de uma agenda econômica que ele entende ser mais importante para o país do que outras agendas", disse Nascimento.

Segundo o líder do DEM, o presidente da República vem cumprindo com sua campanha eleitoral de forma coerente. "Podem falar tudo do presidente, menos uma coisa: ele não é estelionatário. Ele não disse uma coisa na campanha para fazer outra agora, ele tem compromisso com essa agenda de valores dele, está sendo coerente", ressaltou o parlamentar. "Quando o eleitor brasileiro o elegeu presidente da República, ele elegeu um congresso consevador nos costumes, mas reformista do ponto de vista da economia. Então, nós temos a capacidade, sobre a coordenação do Rodrigo (Maia), de impor o que achamos mais importante para um país que tem 14 milhões de desempregados, que é priorizar a pauta econômica."

Para Nascimento, a função do presidente é de cumprir com o que prometeu às pessoas que o elegeram, enquanto o parlamento não deve aceitar iniciativas contrariadas pela população. "A gente (parlamento) tem que rejeitar quando achar que a população brasileira é contra, como a questão do porte de armas. O presidente tem um compromisso com a liberação do porte de armas, mas quando olhamos para o povo brasileiro, vemos que ele (povo) tem um pé atrás com isso. Por isso, temos que ser uma espécie de poder moderador", esclareceu.

No entanto, o deputado federal acredita que Jair Bolsonaro tem se preocupado em falar apenas ao público que o elegeu. "O público que elegeu ele (Bolsonaro) foi quem colocou ele no segundo turno, o público que tem a ver com essa questão de armas, de costumes. Mas quem colocou ele lá foi quem não queria o PT. Então, o presidente tem falado para esse público dele de primeiro turno", criticou Elmar Nascimento. "E tem um público muito grande que ele não conseguiu ainda o discurso e nem as ações, o público abaixo da linha da pobreza e que está desempregado. Se ele quer ser reeleito (em 2022), ele tem que sair desse nicho para quem ele tem falado, e falar para essas pessoas."

Em relação a indicação do filho do presidente e deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL - RJ) para ser embaixador do Brasil nos EUA, o líder do DEM disse que "não faria o mesmo" que o presidente. "O que está contaminando tudo é exatamente o fato de ser filho do presidente. Você acha por acaso que o ex-presidente Lula tem condição de ser embaixador? Não, porque ele não fez carreira diplomática, e ele podia ser presidente da República, não pode ser embaixador? Mas será se um sujeito que tem 1,5 milhão de votos não está legitimado a representar o Brasil? Mas está contaminado porque é filho do presidente", alegou Nascimento.

"Eu não faria, não colocaria um filho meu (como embaixador). Eu não sei como seria se o Eduardo fosse só um jovem deputado eleito com 1 milhão de votos, se não fosse filho do presidente, se ele (presidente) tivesse botado Joice Hasselmann (PSL-SP) ou Janaina Paschoal (PSL-SP) para ocupar algum cargo assim, porque no passado já houve isso, com Itamar Franco", continuou o deputado, fazendo referência a nomeação de Itamar Franco como embaixador em Portugal no governo de Fernando Henrique Cardoso. "Se formos olhar do ponto de vista da meritocracia do Itamaraty, será se o presidente Itamar estava qualificado para ser um embaixador no país importante como Portugal, parceiro econômico e tudo?"

Sobre o Projeto de Lei n; 7.596/2017, que define as situações em que será configurado crime de abuso de autoridade, o parlamentar opinou que é preciso ouvir as "justificativas do veto do presidente" sobre alguns pontos específicos. Na última semana, Jair Bolsonaro sinalizou que vetaria "quase 20 pontos" da proposta, que aguarda sanção presidencial. "Tem determinados pontos que precisamos ouvir quais vão ser a justificativas do veto do presidente para nos posicionarmos, mas que, se formos olhar direito, talvez tenha que ser justificado realmente. Não podemos ser só contra a lei de abuso", disse. Porém, segundo o deputado, a lei abre espaço para que autoridades, como policiais, precisem "agir escondido para preservar a segurança de sua própria família".
[VIDEO1]

*Estagiária sob supervisão de Roberto Fonseca

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação