Politica

Lava-Jato perde procuradores

Seis integrantes da força-tarefa na PGR pedem demissão insatisfeitos com decisão de Raquel Dodge sobre o ex-executivo da OAS Léo Pinheiro

postado em 05/09/2019 04:04
Com uma crise sem precedentes em sua gestão, Raquel Dodge terminará seu mandato no dia 18 e não deve ser reconduzida

Na reta final de seu mandato à frente da Procuradoria-Geral da República, Raquel Dodge enfrenta uma crise sem precedentes. Pelo menos seis procuradores que integram a força-tarefa da Lava-Jato na instituição entregaram os cargos ontem. Em uma carta enviada a Dodge, a equipe mostra descontentamento com uma manifestação do Ministério Público Federal (MPF) no Supremo Tribunal Federal (STF).

Entre os integrantes da Lava-Jato que entregaram os cargos está a procuradora Raquel Branquinho, chefe da área criminal. Um trecho da carta aponta que uma insatisfação com Dodge resultou nos desligamentos. ;Devido a uma grave incompatibilidade de entendimento dos membros desta equipe com a manifestação enviada pela PGR ao STF na data de ontem (3.9.2019), decidimos solicitar o nosso desligamento do GT Lava Jato e, no caso de Raquel Branquinho, da SFPO. Enviamos o pedido de desligamento da data de hoje (ontem);, diz o texto.

Assinam a manifestação os procuradores Raquel Branquinho, Maria Clara Noleto, Luana Vargas, Hebert Mesquita, Victor Riccely e Alessandro Oliveira. A revolta estaria relacionada ao envio ao Supremo do acordo de delação do ex-executivo da OAS Léo Pinheiro.

Na manifestação, Dodge teria pedido para que trechos que citam o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e um irmão do ministro Dias Toffoli, do STF, fossem anulados. Em nota, ela disse que recebeu o pedido de desligamento e que ;em todos os seus atos age invariavelmente com base em evidências, observa o sigilo legal e dá rigoroso cumprimento à Constituição e à lei;. A PGR ressaltou que todas as suas manifestações são submetidas à decisão do STF.

Perfil

A gestão de Dodge termina no próximo dia 18. No entanto, o presidente Jair Bolsonaro pode escolher, hoje, um nome para substituí-la. O indicado precisa passar por sabatina no Senado. O chefe do Executivo, porém, se sente sem muitas opções. É certo que não encontrou o perfil que almejava. O que mais se aproxima, dizem interlocutores, é o procurador regional Lauro Cardoso. O histórico militar pesa a favor, mas o fato de não ser um procurador regional não é bem avaliado no STF, ainda que seja alguém respeitado no Ministério Público Federal (MPF).

O subprocurador-geral Antônio Carlos Simões Soares também é bem cotado. Um que estava em alta na ;bolsa de apostas; e perdeu fôlego junto ao Planalto foi o subprocurador-geral Augusto Aras. Por mais que Bolsonaro pregue a autonomia e a independência entre os poderes, ele deseja ter o mínimo de influência na PGR.

Ontem, a informação no Planalto é de que Bolsonaro pode deixar para fazer a indicação na próxima semana, mesmo internado após a realização da quarta cirurgia à qual será submetido, no domingo, em São Paulo.


"Em todos os seus atos, age (Dodge), invariavelmente, com base em evidências, observa o sigilo legal e dá rigoroso cumprimento à Constituição e à lei;
Trecho da nota da PGR




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