postado em 05/09/2019 11:49
Mesmo depois de ser exonerado do cargo de assessor do então deputado estadual no Rio de Janeiro Flávio Bolsonaro (PSL), Fabrício Queiroz continuava atuando no dia a dia do gabinete, a ponto de ser ele quem anunciou a demissão de uma das pessoas que trabalhava para Flávio.
As informações são do jornal O Globo, que teve acesso a diálogos de celular entre Queiroz a funcionária demitida, Danielle Mendonça da Costa da Nóbrega.
[SAIBAMAIS]Segundo as mensagens, detectadas pelo Ministério Público do Rio,por meio do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Danielle foi demitida em 6 de dezembro do ano passado por ser ex-mulher de Adriano Nóbrega, ex-capitão da Polícia Militar e um dos milicianos mais procurados do Rio. Além dela, Raimunda Veras Magalhães, mãe do ex-oficial, também trabalhou no gabinete de Flavio na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).
Naquele dia, o Estado de S. Paulo publicou a primeira matéria informando que Queiroz, já ex-assessor de Flávio Bolsonaro, pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
Na conversa divulgada pelo jornal fluminense, Queiroz explica que o desligamento estava relacionado a uma investigação de que ele e Flávio eram alvo. Queiroz ainda pediu que Danielle evitasse utilizar o sobrenome do ex-marido. A funcionária então respondeu que já se encontrava em outra relação conjugal e não utilizava mais sobrenome "Nóbrega".
Insatisfeita com a perda do salário que recebia por conta do cargo no gabinete, Danielle perguntou se poderia receber algum tipo de ajuda. Queiroz respondeu orientando que o assunto não deveria ser tratado por telefone.
Queiroz confirma o diálogo
O ex-assessor confirmou as mensagens e afirmou, por meio de seus advogados, que os "diálogos tinham como objetivo evitar que se pudesse criar qualquer suposição espúria de um vínculo entre ele e a milícia".
As conversas foram detectadas após apreensão do celular de Danielle durante uma operação que investiga Adriano Nóbrega. O Ministério Público afirma que o salário recebido por Danielle funcionava como um tipo de pensão alimentícia, já que não existem indícios de que as funções de assessora parlamentar fossem exercidas. Apesar de ter permanecido entre a lista de contratados do gabinete por mais de 10 anos e receber R$ 6.490,35, Danielle nunca teve crachá na Alerj.
A defesa de Queiroz afirmou acreditar que ele sofre uma perseguição e que "a senhora Danielle foi convidada por ele a participar do gabinete em razão do trabalho social relevante do qual participa".