Agência Estado
postado em 13/09/2019 11:27
Imagens de um encontro em um restaurante mostram uma "reverência" de Cléber Isaías Machado, ex-superintendente dos Correios no Rio, ao ex-deputado federal Indio da Costa, suspeito de apadrinhá-lo na empresa para manter supostos esquemas de corrupção na companhia. Ambos chegaram a ser presos na Operação Postal Off, que mira fraudes e desvios que causaram prejuízo de R$ 13 milhões.
Nesta quinta-feira, 12, Indio da Costa foi solto, após habeas corpus concedido pelo desembargador João Pedro Gebran Neto, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4). Ele já foi candidato ao governo fluminense e à prefeitura da Rio e concorreu à vice-presidência na chapa de José Serra (PSDB) em 2010.
Segundo a Polícia Federal, o grupo investigado na Postal Off negociava cargos nos Correios pelo valor de uma mesada de até R$ 250 mil. Parte da cúpula dos Correios era apadrinhada pelo ex-deputado federal, dizem os investigadores.
De acordo com a representação da Polícia Federal pelas prisões, Indio da Costa foi citado por Cleber como o político que teria dado o aval à sua nomeação para o cargo de Superintendente dos Correios no Rio de Janeiro e que cobrava de Cleber "de 30 a 50 mil reais mensais para assegurar sua manutenção no cargo".
Para reforçar a ligação entre o ex-parlamentar e seu superintendente apadrinhado, a PF também analisou uma gravação ambiental entre Cleber e outro superintendente dos Correios, Marciano da Silva. Segundo a PF, a "narrativa demonstra que Cleber Isaías Machado foi indicado ao cargo de Superintendente dos Correios no Rio de Janeiro por Miguel Martinho dos Santos Junior, que foi assessor do então presidente dos Correios, Guilherme Campos". "Precisou ser sabatinado pelo Deputado Federal Indio da Costa, que teria dado a última palavra sobre sua nomeação para o cargo. A sabatina se deu durante a campanha de Indio da Costa para a prefeitura do Rio de Janeiro (fato que ocorreu em 2016)".
"Cleber informa que a cadeira no Rio de Janeiro (certamente a de Superintendente), custava de 200 a 250 mil reais por mês. Ao que tudo indica também dependeria de ajudar empresas ligadas a ele... (o político, ao que indica o contexto da conversa)", diz a PF.
Em diligências, por meio de interceptação telefônica, a Polícia Federal descobriu que Cleber e Indio se encontrariam em um restaurante. "Assim, com a breve ligação telefônica captada e o encontro registrado, o vínculo entre Cleber e Indio da Costa restou reforçado. Tais fatos também dão credibilidade ao conteúdo do áudio ambiental de Cleber".
Por meio de sua defesa, o ex-deputado, que afirma inocência, alegou à Justiça não ter nenhuma ligação com os demais acusados. A organização criminosa, afirmou a defesa, teria origem em Santa Catarina, onde ocorreram todos os crimes, região muito distante da área de atuação do ex-deputado, que é o Rio de Janeiro.
Os advogados argumentaram ainda que o político é primário, tem bons antecedentes, tem residência fixa e exerce atividade profissional lícita. Também disseram não haver motivo concreto que justificasse a decretação da prisão preventiva.