Agência Estado
postado em 16/09/2019 12:36
Personalidades do campo político, sobretudo progressista, vêm manifestando recentemente uma espécie de "mea-culpa" por não terem apoiado candidatura à Presidência da República do ex-ministro da Fazenda e ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT-CE), terceiro colocado no pleito de 2018, atrás de Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT).
O governador da Bahia, Rui Costa (PT-BA), em entrevista à revista Veja, é um dos críticos da estratégia de seu partido. Em 2018, o PT insistiu na candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva, mesmo sabendo que o ex-presidente, preso em Curitiba, não poderia concorrer em virtude da Lei da Ficha Limpa, sancionada por ele próprio em junho de 2010. "O certo era ter apoiado Ciro Gomes lá atrás", afirmou o governador, ressaltando que ele e o ex-governador baiano Jaques Wagner defendiam essa estratégia antes do início da campanha presidencial do ano passado.
O comentário gerou reação. Em resposta, a Executiva Nacional do PT emitiu nota afirmando que "se o eventual apoio do PT a Ciro Gomes, à época, já não se justificava porque nunca foi intenção dele constituir uma alternativa no campo da centro-esquerda, hoje menos ainda, dado que ele escancara opiniões grosseiras e desrespeitosas sobre Lula, o PT e nossas lideranças". No mesmo dia, a presidente nacional do partido, deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), tuitou que "está claro porque Ciro fugiu para Paris em 2018 após o primeiro turno: não aceitou o jogo democrático".
O deputado federal Alexandre Frota - expulso do PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, e que tomou guarida no PSDB do governador João Doria - também utilizou o Twitter para falar sobre Ciro. "Me desculpe as agressões verbalizadas por mim a você no passado", disse o deputado. "Fagner, nosso amigo cantor, me alertou várias vezes. Não é que você realmente tinha razão sobre Bolsonaro?", questionou, citando o cantor cearense que é amigo pessoal de Ciro.
Entre as respostas ao tuíte de Frota estão algumas com alusão a aproximação deste, apoiador de primeira hora do governo Bolsonaro e autointitulado conservador, do campo progressista. "Seu padrinho, João Doria, não vai gostar nada disso, deputado", disse um seguidor. "Frota, pelo Brasil e pelo fim da alienação: entrega tudo o que você souber dessa máquina de fake news e da famílicia", disse outro, fazendo alusão à família Bolsonaro.
O ex-ministro da Educação do governo Dilma Renato Janine Ribeiro também utilizou as redes sociais para manifestar sua opinião, no mesmo sentido dos governadores da Bahia. "Foi um erro enorme não terem se aliado para o primeiro turno de 2018", escreveu o ex-ministro em seu Facebook. "Ciro tem razão quando diz que teria mais chances de vencer Bolsonaro. Também concordo com ele que foi um erro insistir numa candidatura que não seria autorizada em nenhum caso", cravou.