O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), vai colocar o posto à disposição. A medida é um gesto em respeito ao Palácio do Planalto para que o presidente Jair Bolsonaro, em concordância com o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, defina, ou não, um novo líder.
A decisão é uma reação à Operação Desintegração, que apura um suposto esquema de propinas pagas por empreiteiras. Segundo as investigações da Polícia Federal (PF), as empresas executavam obras custeadas com recursos públicos em favor de autoridades. A PF realizou, nesta quinta-feira (19/9), buscas no gabinete e no apartamento de Bezerra. Também foram feitas buscas no gabinete do deputado Fernando Filho (DEM-PE), filho do senador, e em endereços em Pernambuco associados aos dois.
Em decorrência das investigações, o líder do governo no Senado se dispôs a deixar o posto de articulador governista na Casa. ;Tomei a iniciativa de colocar à disposição o cargo de líder do governo para que o governo possa, ao longo dos próximos dias, fazer uma avaliação se não seria o momento de proceder uma nova escolha, ou não;, declarou à imprensa, na entrada do prédio onde mora, em Brasília.
A decisão final caberá a Bolsonaro, que, naturalmente, ponderou Bezerra, se aconselhará com o articulador político do governo, Ramos, e com o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. ;Todos estão querendo aprofundar a análise do que foi baseado todas essas ações que nós fomos vítimas no dia de hoje para que o governo possa se manifestar;, sustentou o senador. Ainda que deixe o posto, ele se comprometeu em auxiliar o Planalto na agenda de reformas.
Por ora, o governo não deve tomar alguma iniciativa a curtíssimo prazo, ainda nesta quinta. A ideia é aguardar os desdobramentos para tomar a melhor decisão. ;Ele tem uma situação que é relativa a fatos passados, quando era ministro de um governo anterior. A posição do nosso governo é de aguardar os acontecimentos;, declarou Onyx nesta quinta, na saída de um evento na sede da Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul), em Porto Alegre.
O ministro frisou ter acabado de ser informado da decisão de Bezerra em colocar o cargo à disposição e afirmou que dialogará com Bolsonaro sua permanência ou não no posto no fim de semana. ;E nós vamos ver que atitude será tomada. Neste momento, nós temos só que aguardar, é uma questão individual dele, da vida pregressa dele, antes de se tornar líder do governo, que vai ter que esclarecer junto às autoridades;, destacou.