postado em 23/09/2019 04:12
A temperatura mundial média de 2015 a 2019 caminha para se tornar a maior de qualquer período de cinco anos já registrada na história, anunciou a Organização das Nações Unidas (ONU) na véspera de uma reunião de líderes mundiais sobre o clima. ;Atualmente, calcula-se que estamos 1,1;C acima da era pré-industrial (1850-1900) e +0,2;C que em 2011-2015;, destaca o relatório Unidos na Ciência da Organização Meteorológica Mundial (OMM). Os últimos dados confirmam a tendência dos quatro anos anteriores, que já foram os mais quentes desde 1850, quando a temperatura média mundial começou a ser registrada.
Mas há disparidades regionais: os polos esquentam mais rápido e as zonas costeiras são ameaçadas antes de outras regiões. ;Os efeitos da mudança climática não são sentidos de maneira igual;, afirma o cientista-chefe da agência meteorológica britânica, Stephen Belcher.;Alguns países sentem alguns efeitos, como ondas de calor mais intensas ou inundações mais graves, mais cedo que outros;, diz Belcher.
O relatório, publicado dois dias depois das grandes manifestações de estudantes pelo clima em todo o planeta e na véspera do encontro de líderes mundiais em Nova York para a Assembleia Geral anual da ONU, faz um balanço da falta de ação dos Estados para reduzir as emissões de gases do efeito estufa. A lista de notícias ruins sobre o estado do planeta é longa e está detalhada no documento.
Os cientistas afirmam que o aumento do nível dos oceanos acelera e o ritmo subiu na última década a quatro milímetros por ano, em vez de três, em consequência do derretimento acelerado das calotas polares no Norte e Sul, algo confirmado por diversos estudos e análises de satélite. As indústrias de carvão, petróleo e gás prosseguiram com seu avanço em 2018. As emissões de gases do efeito estufa também aumentaram e, em 2019, serão ;no mínimo tão elevadas; quanto no ano passado, preveem os cientistas que coordenaram o relatório.
Os cientistas consideram que os esforços de luta contra o CO2 dos países devem ser multiplicados por cinco para conter o aquecimento global a 1,5;C, como prevê o Acordo de Paris de 2015. Ou no mínimo por três para conter o aumento da temperatura a 2;C, o limite máximo estipulado pelo acordo. ;A brecha nunca foi tão grande entre o que o mundo deseja alcançar e a realidade climática dos países;, destaca o documento. Esta é a brecha que o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, quer abordar na reunião sobre o clima convocada para segunda-feira, que deve reunir quase 60 governantes. Guterres acredita que diversos líderes devem prometer alcançar a neutralidade em carbono até 2050.