Perguntado pelo Correio sobre a ausência do Brasil nas duas reuniões sobre o clima, tanto a que tratou do futuro da Amazônia quanto a da cúpula sobre o clima, o presidente chileno afirmou que ;o melhor seria que todos os países estivessem presentes;. E completou: ;Quando o Brasil quiser participar, será sempre bem-vindo, temos de trabalhar todos juntos;.
O Chile sediará a próxima conferência sobre mudanças climáticas, a COP-25, em dezembro. O encontro seria no Brasil, mas, em novembro do ano passado, o presidente Jair Bolsonaro desistiu, em função das restrições orçamentárias e pelo fato de ser o primeiro ano de seu governo. Assim como fez nesta segunda-feira (23/9) na ONU, o Chile agarrou a oportunidade e o palco. ;Temos duas opções: ou não fazemos nada e arcamos com as consequências, ou fazemos algo já. Considero que não fazer nada não é uma opção;, frisou Piñera na reunião desta segunda-feira. Ele elencou todas as ações que busca empreender em seu país, cortado pela Cordilheira dos Andes, inclusive reflorestamento. Para alguns diplomatas, aquele palco deveria ter sido do Brasil.
Piñera vem construindo uma imagem de mais equilíbrio do que o presidente brasileiro. nesta segunda-feira (23/9), ele e Macron sorriam, trocavam gestos amistosos. Ao fim da reunião, Piñera fez questão de conceder uma entrevista aos jornalistas chilenos que acompanham toda a sua agenda nos Estados Unidos.
Bolsonaro não foi por causa das recomendações médicas, conforme relatos de sua assessoria. Ele se recupera bem da cirurgia que fez há 15 dias, mas ainda está numa dieta restrita e precisa de algum repouso. O ministro de Meio Ambiente, Ricardo Salles, ainda tentou participar do encontro, mas, por não ser chefe de Estado, não poderia falar. Na entrevista ao Correio, há dois dias, Salles, inclusive, acusou o secretariado geral da ONU de uma ;manobra política; para não permitir a presença do Brasil. Politicamente, quem conquistou esse espaço foi Piñera.