Alessandra Azevedo
postado em 25/09/2019 18:04
Mais uma vez, a visita do ministro da Economia, Paulo Guedes, à Câmara acabou abruptamente, após embate com parlamentares na Comissão Mista de Orçamento (CMO). O chefe da equipe econômica foi embora depois de uma discussão com o deputado Glauber Braga (PSol-RJ).
;O Congresso é super construtivo. Agora, tem uma minoria que não sabe o que é democracia. Quer falar sozinho, e não deixa os outros falarem. Era minha hora de falar e ele ficou falando e me ofendendo;, disse o ministro, na saída.
O desentendimento começou quando Braga enfatizou a diminuição dos recursos públicos em educação, para, segundo ele, priorizar o setor privado. O deputado perguntou ao ministro qual era a relação dele com isso e pediu que ele "explicasse ganhos bilionários na área da educação, com seus negócios, antes de entrar para o ministério".
Incomodado, Guedes respondeu que, "naturalmente", iria tratar apenas das perguntas relacionadas a questões orçamentárias e ressaltou que fez muitos investimentos no ensino básico e em MBAs. "Se eu até soubesse que eu ia te perturbar tanto, não tinha ajudado tanto a educação brasileira por 20 e poucos anos", disse.
Glauber tentou repetir a pergunta feita, mas Guedes pediu para completar a resposta e "ser respeitado". "Minha vez de falar", reclamou. "Quando o senhor falou, eu fiquei quieto", continuou o ministro.
"Eu não estou aqui para conversar sobre minhas finanças pessoais, estou aqui para conversar sobre orçamento público. Se quiser fazer alguma coisa a respeito disso, vou conversar depois, em outro foro", disse Guedes. Ele acusou o deputado de "estar aqui para fazer política" e disse que, se ele "quer ganhar voto, é com outro jeito, não é aqui".
Em seguida, o ministro se defendeu da acusação de tentativa de desmonte do Estado. "Quem desmontou, quebrou as empresas públicas foi quem passou um pouco antes. Eu cheguei aqui agora", afirmou.
A situação piorou quando Braga perguntou se ele não teve nenhuma relação com fundos de pensão, em referência ao processo aberto pelo Tribunal de Contas da União (TCU) para apurar supostas fraudes em negócios feitos por uma empresa do ministro, com fundos de pensão patrocinados por estatais.
O ministro ficou irritado com a pergunta e ameaçou processá-lo. "Faça acusação no foro privado e será processado. Nós apoiamos a Lava Jato. Vamos trazer Lava Jato. Vamos apurar isso profundamente", replicou.
Diante da confusão, com vários parlamentares gritando, o presidente do colegiado, senador Marcelo Castro (MDB-PI), encerrou a sessão. Guedes se retirou e foi para o gabinete do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).