O ex-governador de Tocantins Marcelo Miranda (MDB) foi preso pela Polícia Federal (PF), nesta quinta-feira (26/9), em Brasília. O emedebista é alvo da Operação 12; Trabalho, que visa desarticular organização criminosa envolvida em várias investigações da corporação, como a Lava-Jato e a Reis do Gado. Estimam-se prejuízos de mais de R$ 300 milhões aos cofres públicos.
De acordo com a PF, o grupo é suspeito "de manter um sofisticado esquema para a prática constante e reiterada de atos de corrupção, peculato, fraudes em licitações, desvios de recursos públicos, recebimento de vantagens indevidas, falsificação de documentos e lavagem de capitais; sempre com o objetivo de acumular riquezas em detrimento dos cofres públicos;.
Além da PF, a Operação 12; Trabalho é resultado de um trabalho conjunto com o Ministério Público Federal (MPF) e a Receita Federal. Além da detenção de Miranda, aproximadamente 70 policiais cumprem 11 mandados de busca e apreensão e mais dois de mandados de prisão preventiva, todos expedidos pela 4; Vara Federal de Palmas (TO). A ação ocorre no Tocantins, em Goiás e no Pará.
A PF também diz que a operação busca obtenção de novas provas e interromper a continuidade do crime de lavagem de dinheiro. ;Uma vez que os investigados permanecem praticando atos de lavagem por meio de sofisticado esquema, utilizando-se de ;laranjas; para dissimular a origem ilícita de bens móveis e imóveis, frutos de propinas em troca de favores a empresários dos diversos ramos de atividade que mantinham contratos com o poder público;, diz a nota.
Miranda já teve o mandato de governador do Tocantins cassado duas vezes. A última ocorreu no ano passado por abuso de poder político e econômico e arrecadação e gastos ilícitos de recursos na campanha de 2014. O ex-governador foi preso no apartamento funcional de sua mulher, a deputada Dulce Miranda (MDB-TO), mas ela não é investigada. Além dele, foram presos o pai e o irmão do político, José Edimar Brito Miranda e José Edmar Brito Miranda Júnior, respectivamente.
Operações da PF anteriores
Ainda de acordo com a Polícia Federal, diversas operações da corporação (veja abaixo) constataram que o núcleo familiar de Miranda é composto por três pessoas influentes no meio político do Tocantins, que ;sempre esteve no centro das investigações, com poderes suficientes para aparelhar o estado, mediante a ocupação de cargos comissionados estratégicos para a atuação da organização criminosa."
- (2016)
- ;Marcapasso; (2017)
- ;Pontes de Papel; (2017)
- ;Convergência; (2017)
- ;Lava-Jato; 2017)
Mesmo depois dessas operações, a PF diz o grupo prosseguiu realizando operações simuladas para ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, movimentação ou propriedade de bens, direitos e valores provenientes, direta ou indiretamente, das infrações penais. Entre elas, o comércio de gado de corte e empresas de fachada, construção e venda de imóveis, tudo para ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, movimentação ou propriedade de bens, direitos e valores provenientes, direta ou indiretamente, das infrações penais.
Com o avanço das investigações, a corporação diz que foi possível identificar que os ilícitos praticados pela organização criminosa estão agrupados ao redor de sete grandes eixos econômicos, que envolvem administração de fazendas e de atividades agropecuárias, compra de aeronaves, gestão de empresas de engenharia e construção civil, entre outros.
;Os investigados também agem no curso do processo, por meio da manipulação de provas, seja pela falsificação de documentos ou comprando depoimentos, com o claro objetivo de tumultuar e dificultar as investigações em andamento;, conclui a nota da PF. O nome da operação faz referência ao 12; Trabalho de Hércules, seu último e mais complexo desafio, que consistia em capturar Cérbero.
Defesa
O advogado de Marcelo Miranda informou que ainda não teve acesso aos autos e à decisão. "Posso afirmar que não há razão para um decreto prisional. Os fatos investigados são passados, distantes da atualidade que justificasse uma prisão", afirmou.