Ao participar de um evento no Rio de Janeiro sobre parcerias público-privadas, concessões públicas e fundos de investimento em infraestrutura, na manhã desta sexta-feira (27/9), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), reprovou a declaração do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, que revelou na quinta-feira (26/9), já ter pensado assassinar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes.
Para o deputado, que discursava sobre a necessidade de segurança jurídica para otimizar investimentos no Brasil, a atitude pode atrapalhar a entrada de investidores estrangeiros no país. "Mas é um país estranho que cada dia é uma novidade. Hoje, descobrimos que o procurador-geral da República queria matar o ministro do Supremo. Então, quem vai querer investir num país desse? Você ia querer investir?", ponderou Maia.
Ainda segundo o presidente da Câmara, "temos que ter projeto e segurança jurídica para os investimentos. A parte do parlamento, principal, é justamente garantir a segurança jurídica, junto com o Executivo, claro".
Em seguida, em tom descontraído, o democrata "comemorou" a possibilidade de Janot não ter mais direito à posse e ao porte de arma. "Fico pensando: pelo menos a PF (Polícia Federal) já deve ter tirado o porte de arma dele. Pelo menos isso para a gente ficar um pouco mais tranquilo. Esse é o Brasil", declarou.
Ao fim do discurso, Maia foi interrogado por jornalistas sobre a declaração em que cita a Polícia Federal, e se defendeu. "Não se pode nem mais brincar... Sei lá...ele (Janot) não brincou na entrevista dele?", disse o deputado.
"Ia ser assassinato mesmo"
Janot afirmou a intenção de matar Gilmar Mendes ao jornal O Estado de S. Paulo. De acordo com o ex-procurador-geral da República, no momento mais tenso de sua passagem pelo cargo, ele chegou a ir armado para uma sessão do STF com o intuito de assassinar a tiros o ministro. ;Ia ser assassinato mesmo. Ia matar ele (Gilmar) e depois me suicidar;, garantiu Janot.
De acordo com o ex-procurador-geral, logo depois de ele apresentar uma exceção de suspeição contra Gilmar Mendes, o ministro difundiu ;uma história mentirosa; sobre sua filha. ;E isso me tirou do sério.; Conforme a reportagem, em maio de 2017, Janot, na condição de chefe do Ministério Público Federal (MPF), pediu o impedimento de Gilmar na análise de um habeas corpus de Eike Batista, com o argumento de que a mulher do ministro, Guiomar Mendes, atuava no escritório Sérgio Bermudes, que advogava para o empresário.
Ao se defender em ofício à então presidente do STF, Cármen Lúcia, Gilmar afirmou que a filha de Janot ; Letícia Ladeira Monteiro de Barros ; advogava para a empreiteira OAS em processo no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Segundo o ministro, a filha do ex-PGR poderia na época ;ser credora por honorários advocatícios de pessoas jurídicas envolvidas na Lava Jato;.
;Foi logo depois que eu apresentei a sessão (...) de suspeição dele no caso do Eike. Aí ele inventou uma história que a minha filha advogava na parte penal para uma empresa da Lava Jato. Minha filha nunca advogou na área penal... e aí eu saí do sério;, afirmou o ex-procurador-geral.