postado em 28/09/2019 04:10
Além de acolher o pedido do Ministério Público Federal para deflagrar a Operação Alerta Mínimo, no âmbito da Lava-Jato, ontem, contra doleiros e gerentes do Banco do Brasil supostamente envolvidos em esquema que lavou cerca de R$ 200 milhões, a juíza Gabriela Hardt, da 13; Vara Federal, determinou o bloqueio de até R$ 6.187.099,78 dos investigados. O congelamento alcança as contas de um ex-funcionário do BB, dois gerentes do banco, dois doleiros e duas empresas.
Acuada pelo julgamento do Supremo que pode aniquilar pelo menos 32 sentenças e beneficiar 143 condenados, a força-tarefa voltou às ruas, ontem, para apurar a atuação dos investigados em um esquema que gerava dinheiro para empresas que tinham contratos com a Petrobras e precisavam da moeda em espécie para pagar propinas a agentes públicos.
A operação teve participação do Ministério Público Federal e da Receita Federal. Agentes cumpriram mandados de busca e apreensão em São Paulo e Natal. Segundo a Procuradoria, os envolvidos do banco teriam facilitado ;centenas de operações de lavagem de dinheiro entre os anos de 2011 e 2014;.
Parte dos R$ 200 milhões movimentados teria sido destinada a para pagamento de propinas, diz o MPF. De acordo com a Polícia Federal, um doleiro investigado produziu pelo menos R$ 110 milhões, em espécie, para viabilizar as vantagens indevidas.
A PF afirmou que a produção de dinheiro envolvia trocas de cheques obtidos junto ao comércio da grande São Paulo e a abertura de contas sem documentação necessária ou com falsificação de assinaturas em nome de empresas de fachada do ramo imobiliário.
A suspeita da corporação é de que gerentes de agências bancárias do BB davam suporte às operações de desconto de cheques e elaboravam justificativas internas para evitar fiscalizações e ações de compliance da instituição financeira. ;Em troca, os funcionários recebiam comissões dos operadores e conseguiam vender produtos da agência para atingir metas;, indicou a PF.
O Ministério Público Federal assinalou que há evidências de que tais gerentes atuaram para encerrar indevidamente registros do sistema de detecção de lavagem de dinheiro do banco, com a inserção de justificativas falsas ; o que teria impedido e dificultado a comunicação de operações suspeitas ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
A Procuradoria apontou, ainda, que depois que o esquema foi identificado no âmbito da Lava-Jato, o Banco do Brasil realizou apurações sigilosas. As investigações internas acabaram enviando à PF e ao MPF outras provas da atuação dos funcionários na facilitação das operações de lavagem de capitais.
O Banco do Brasil informou, em nota, que vem colaborando com as autoridades na operação, já tendo iniciado processos administrativos que podem resultar na demissão dos funcionários envolvidos.