Augusto Fernandes
postado em 01/10/2019 17:21
A Câmara dos Deputados dedicou uma sessão solene na manhã desta terça-feira (1;/10) em memória dos advogados José Gerardo Grossi e Luiz Carlos Sigmaringa Seixas, mortos em maio e dezembro do ano passado, respectivamente. A cerimônia reuniu deputados federais, senadores, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), ex-ministros de governo e outras entidades.
Presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), escreveu uma carta, que foi lida durante o evento pelo deputado Paulo Teixeira (PT-SP), responsável por promover a sessão solene. Segundo o democrata, a homenagem foi justa e merecida, pois fez jus a ;dois grandes brasileiros que muito se dedicaram à justiça e à sociedade desse país;.
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;O Brasil perdeu dois advogados de grande destaque na luta contra as injustiças que acometem todos os brasileiros. Eles transformaram o exercício do direito em uma missão contínua a favor das pessoas, protegendo direitos e garantias asseguradas em lei. Sem duvidas, essa deve ser a maior inspiração do profissional do direito;, declarou Maia.
No texto, o deputado ainda afirmou que ;se tivéssemos mais profissionais como eles, haveria menos injustiça nesse país; e que ;certamente, a luta desses notáveis cidadãos em prol do nosso povo fez do Brasil um lugar melhor;.
;Como todos sabemos, a vida está repleta de injustiças. Muitos são os crimes, as injúrias, as ameaças e as humilhações por que passam diariamente o povo desse país. Esse é um flagelo que a todos atinge, mas alcançaria níveis ultrajantes se não houvesse no Brasil cidadãos como os doutores (Gerardo Grossi e Sigmaringa Seixas), homens que dedicaram a vida à difícil tarefa de defender os mais pobres e lutar a favor da justiça;, enalteceu o presidente da Câmara.
Ministro do STF, Gilmar Mendes também discursou sobre os dois advogados. O magistrado destacou que ambos ;fizeram história no Brasil;. ;No momento em que se discute no Brasil e no mundo a sobrevivência da democracia, ou pelo menos a sobrevivência da democracia liberal como nós a conhecemos e cultivamos, é oportuno, acho, rememorar a história desses dois homens que travaram o bom combate pelo restabelecimento da democracia no Brasil;, garantiu.
Ex-ministro e carta de Lula
Ministro da Justiça entre 2011 e 2016, José Eduardo Cardozo leu uma carta escrita por um grupo de advogados. Conforme o transcrito, ;em seus quase 50 anos de atuação profissional e política, Sigmaringa Seixas encarnou de maneira exemplar a síntese do exercício da advocacia com atividade política em seus sentidos mais nobres e elevados. Com Grossi não foi diferente. Combativos e corajosos, (eles) abraçaram com competência singular as funções que desempenharam;.
O documento lembrou que Sigmaringa Seixas, que também foi deputado federal por três vezes, ;orientou a sua atuação com rara sensibilidade política, alcançando resultados significativos na estrutura institucional garantidora do acesso à justiça pelos cidadãos brasileiros ao lograr significativos avanços em prol das defensorias públicas;.
Além disso, o texto ainda frisou que Grossi ;fez da sua vida um rastro luminoso de exemplos edificantes;. ;Tais qualidades incomuns os transformaram frequentemente em pontes de conexão de vertentes antagônicas. (Eles) sempre foram identificados com os paradigmas da ética e da decência como homens públicos. Disso, jamais se distanciaram. Esses eram Sig e Grossi, arautos da tolerância, os combatentes da democracia, de quem sentimos tanta saudade e que fazem tanta falta nesses tempos tão bicudos;, garantiu o escrito.
Outra carta lida durante a sessão foi a do ex-presidente Lula. Advogado do petista, Cristiano Zanin recitou as palavras escritas por ele. No texto, Lula escreveu que ;é acima de tudo justa esta homenagem aos advogados José Gerardo Grossi e Luiz Carlos Sigmaringa Seixas;. ;Justiça foi o que sempre buscaram ao longo da vida, que também os uniu no sentimento da amizade e da solidariedade;, elogiou.
Segundo o ex-presidente, ;nós, que tivemos o privilégio de conviver com eles, sabemos o quanto se dedicaram ao exercício da profissão que amavam. No ofício da advocacia, Doutor Grossi e o companheiro Sig nos ensinaram que a defesa do que é direito é essencial à democracia;.
;A generosidade e a coragem andavam juntas com esses dois amigos que nos deixaram. Desde a juventude lutaram pela liberdade, para si e para o povo brasileiro. Enfrentaram o arbítrio, a perseguição, a injustiça, mantendo sempre a esperança e a alegria de viver, por mais difícil que fosse a realidade;, concluiu o político.
Confira a sessão no plenário na íntegra:
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