A falta de consenso entre Câmara e Senado na divisão dos recursos do petróleo ganhou ares de crise institucional com ataque do senador Cid Gomes (PDT-CE) ao líder do PP na Câmara, deputado Arthur Lira (AL). Gomes disse que Lira é responsável por "achacar" o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ) na proposta que detalhou os critérios para a divisão do dinheiro proveniente da venda de petróleo, marcado para novembro. Emperrada nas porcentagens dos Estados e municípios, a verba pode chegar a R$ 100 bilhões.
Para tentar garantir uma fatia maior de dinheiro aos municípios, senadores ameaçaram travar a votação em segundo turno da reforma da Previdência. "O presidente da Câmara está se transformando numa presa de um grupo de líderes liderado por aquele que é o projeto do futuro Eduardo Cunha brasileiro. Eduardo Cunha original está preso, mas está solto o líder do PP que se chama Arthur Lira, que é um achacador", afirmou Gomes.
O senador disse, ainda, que Lira é "uma pessoa que, no seu dia a dia, a sua prática é toda voltada para chantagem, para a criação de dificuldades para encontrar propostas de solução", complementou. Gomes teve de deixar o cargo de ministro da Educação de Dilma Rousseff, em 2015, porque chamou o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (MDB-RJ), de "achacador".
"Setores da Câmara que têm à frente o deputado Arthur Lira já precipitaram o achaque. O achaque custa 5% dos valores dos royalties. Eles estão querendo tirar 2,5% dos municípios e 2,5% dos Estados e dar para o quarto ente federativo brasileiro: a bancada de achacadores da Câmara dos Deputados", engrossou.
No plenário da Câmara, o presidente Rodrigo Maia defendeu Arthur Lira ao afirmar que "o sucesso da Câmara em incomodando muita gente". "Nem governador nem senador vai ameaçar a Câmara dos Deputados, como eu fui ameaçado sábado à noite", pontuou, referindo-se à pressão que diz ter recebido para mudar os critérios de distribuição dos recursos.
Arthur Lira disse que vai processar o pedetista e defendeu a prerrogativa dos deputados para alterar os critérios definidos pelo Senado. "O senador apequena seu nome e do seu estado ocupando a tribuna levianamente com dor de cotovelo porque a maneira que ele pensou, talvez, não tenha sido acordada".