Enquanto a Câmara dos Deputados programa a votação em Plenário da chamada cessão onerosa, que vai estabelecer a divisão entre estados e municípios de parte dos recursos que a União espera arrecadar com o leilão de áreas do pré-sal, o presidente Jair Bolsonaro preferiu não comentar sobre o tema, que tem gerado atrito entre parlamentares.
Na manhã desta sexta-feira (4/10), na saída do Palácio da Alvorada, o chefe do Executivo federal apenas declarou que ;isso está com o Paulo Guedes, ministro da Economia, e com o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos;. ;Estão negociando;, resumiu o presidente.
Na quinta-feira (3/10), numa tentativa de acabar com a guerra aberta entre o Senado e a Câmara, Paulo Guedes reuniu-se com os presidentes das duas casas, o deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ) e o senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), e propôs a divisão do dinheiro do megaleilão de petróleo da área do pré-sal também com congressistas mediante aumento de recursos para emendas parlamentares.
A disputa pela partilha do dinheiro do pré-sal colocou Maia e Alcolumbre em lados opostos, e abriu uma crise também com governadores e prefeitos. Caciques da Câmara, entre eles os líderes do PP, Arthur Lira (AL), e do DEM, Elmar Nascimento (BA), comandaram nos bastidores um movimento para diminuir a parcela de 15% acertada para estados e subir de 15% para 20% o dinheiro destinado aos prefeitos. A intenção era também diminuir a parte da União.
Em retaliação, os senadores, principalmente da bancada do Norte e do Nordeste, organizados em torno dos governadores, impuseram uma perda de R$ 73,4 bilhões na economia prevista com a reforma da Previdência, na votação em primeiro turno no Senado. A partilha acordada inicialmente era de 15% (R$ 10,95 bilhões) para estados e 15% para municípios. Outros R$ 2,19 bilhões (3%) seriam destinados para o Rio de Janeiro. A União ficaria com R$ 48,9 bilhões, e à Petrobras caberiam R$ 33,6 bilhões.