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Collor na mira da Polícia Federal

Senador e ex-presidente da República é investigado por suposta participação em esquema de lavagem de dinheiro mediante compra de imóveis em leilões públicos. Operações teriam sido feitas por meio de %u201Claranjas%u201D para ocultar o verdadeiro beneficiário das transações

postado em 12/10/2019 04:14
Parlamentar nega as acusações e diz estar indignado com a ação da PF, que cumpriu 16 mandados de busca e apreensão em Maceió e Curitiba


O senador Fernando Collor de Mello foi alvo de operação da Polícia Federal (PF) que investiga um esquema de lavagem de dinheiro por meio da compra de imóveis em leilões públicos. De acordo com informações obtidas pelos investigadores, o senador adquiriu apartamento com a finalidade de ocultar dinheiro recebido de forma ilícita. As diligências indicam que os atos criminosos teriam ocorrido nos anos de 2010, 2011, 2012 e 2016. O parlamentar participaria das operações por meio de um representante, ou laranja, na gíria policial. A finalidade seria fazer com que as autoridades não chegassem até o verdadeiro beneficiado com as transações.

A prática ilegal pode ter movimentado até R$ 6 milhões. ;Essas compras serviriam para ocultar e dissimular a utilização de recursos de origem ilícita, bem como viabilizar a ocultação patrimonial dos bens e convertê-los em ativos lícitos;, informou a PF. A operação, batizada de Arremate, cumpriu 16 mandados de busca e apreensão em Maceió e Curitiba. Ao todo, 70 policiais foram às ruas para cumprir as diligências.

Os mandados foram autorizados pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), já que o parlamentar tem foro por prerrogativa de função. De acordo com a Corte, as diligências estão em segredo de Justiça. Os investigadores afirmam que ;os envolvidos poderão responder na medida de suas responsabilidades pelos crimes de lavagem de ativos, corrupção ativa, corrupção passiva, peculato, falsificação e pelo tipo penal de integrar organização criminosa;.

Por meio de uma rede social, Collor se disse ;indignado; por ter sido alvo das buscas. O senador alega que não tem envolvimento com os fatos apresentados na investigação. ;Estou indignado com a tentativa de envolver meu nome num assunto de que não tenho nenhum conhecimento ou participação. Trago a consciência tranquila e a certeza de que, mais uma vez, ficará comprovada a minha inocência;, afirmou.

O atual senador ocupou a Presidência da República entre 1990 e 1992. No entanto, por conta de acusações de corrupção, foi alvo de um processo de impeachment e acabou sendo destituído do cargo. Em 2015, o parlamentar alagoano também foi alvo da Operação Politeia, a primeira deflagrada no âmbito de um inquérito instalado no Supremo para apurar o envolvimento de políticos com os desvios na Petrobras. Na ocasião, foram realizadas buscas em um apartamento ligado a ele em Brasília.

Durante as ações, a PF apreendeu carros de luxo, como uma Ferrari, uma Lamborghini e um Porsche, que, de acordo com as investigações, poderiam ter sido obtidos com o uso de dinheiro ilícito. Na ocasião, o senador declarou que as ações foram ;invasivas; e ;arbitrárias;. Três meses depois, os automóveis foram devolvidos por ordem do Supremo, que atendeu um pedido da defesa do senador. Os advogados de Collor alegaram que os automóveis poderiam se perder no depósito, se ficassem sem manutenção.

Além da Politeia, Collor também figurou entre os investigados da Lava-Jato. Em agosto de 2017, o STF aceitou denúncia e o transformou em réu pelas acusações de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa por supostamente ter recebido propina da BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras na venda de combustíveis. O processo ainda está em andamento. Ele nega as acusações.

R$ 6 milhões
Valor que teria sido movimentado ilegalmente por Collor de Mello


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