Politica

Delegado Waldir ameaça Bolsonaro

Aos palavrões, líder do PSL reagiu à articulação do presidente para substituí-lo pelo filho, Eduardo Bolsonaro, mas depois recuou

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 18/10/2019 04:04


Em um dos momentos mais tensos da crise no PSL, o líder do partido na Câmara, deputado Delegado Waldir (GO), afirmou, em áudio divulgado ontem pela Record TV, que pretende ;implodir; o presidente Jair Bolsonaro. Na gravação, ele reage à articulação do presidente para substituí-lo, na liderança do partido, pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). O parlamentar também ameaça divulgar áudio comprometedor sobre o presidente da República. Horas depois da divulgação do áudio, em entrevista ao site G1, Delegado Waldir voltou atrás e disse não ter nada para ;usar; contra Bolsonaro.

;Eu vou implodir o presidente. Aí eu mostro a gravação dele. Eu tenho a gravação. Não tem conversa, não tem conversa. Eu implodo o presidente. Acabou o cara. Eu sou o cara mais fiel a esse vagabundo;, diz o líder do PSL, no áudio, em conversa com outros parlamentares.

Em meio a palavrões, a ameaça do presidente dura um minuto no áudio de nove minutos de duração divulgado pela emissora.

Na gravação, o líder do PSL diz também que vai expulsar, um a um, os deputados que se opõem a ele e ao presidente da legenda, o deputado federal Luciano Bivar (PE).

Mais tarde, quando voltou atrás, o líder do PSL disse não saber de nada que comprometa o presidente Bolsonaro e que deseja pacificar a bancada do partido na Câmara. É só questão de... É uma fala de emoção, né? Um momento de sentimento;, disse o deputado. ;É uma fala quando você percebe a ingratidão. Tenho que buscar as palavras;, continuou. ;Nós somos Bolsonaro. Nós somos que nem mulher traída. Apanha, não é? Mas mesmo assim ela volta ao aconchego;.

Na intensa crise do PSL, impulsionada pelo escândalo das candidaturas laranjas do partido, delegado Waldir é um dos mais fiéis aliados ao presidente da legenda, Luciano Bivar. Ambos têm protagonizado embates públicos contra Bolsonaro, a quem acusam de querer usurpar o controle do partido.

Na quarta-feira, as revistas Época e Crusoé divulgaram áudio de uma gravação com o presidente Bolsonaro pedindo assinatura, possivelmente a um deputado do PSL não identificado, na tentativa de conseguir apoio para tirar o Delegado Waldir da liderança do partido na Câmara. Horas depois, à noite, deputados do PSL protocolaram um requerimento para que Eduardo Bolsonaro passasse a ser o líder.

O filho do presidente chegou a ser anunciado como novo ocupante da função, mas momentos depois deputados ligados ao Delegado Waldir apresentaram uma outra lista, para manter o parlamentar goiano à frente da liderança. Em nova ofensiva, a ala que apoia Eduardo Bolsonaro protocolou um terceiro requerimento, em favor do filho do presidente da República.

A Câmara dos Deputados, após a conferência das assinaturas nos três requerimentos, validou a permanência de Delegado Waldir na liderança. Das três listas protocoladas na Secretaria-Geral da Mesa da Câmara, duas eram em apoio a Eduardo Bolsonaro - uma com 26 assinaturas válidas, outra com 24. A lista em apoio a Waldir tinha 29.

Em uma entrevista publicada ontem pelo G1, o líder do PSL tentou amenizar a situação.

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