Politica

Para Joice, existe pressão feita por filhos de Bolsonaro dentro do PSL

A família Bolsonaro estaria tentando tomar para si a legenda, como afirmam os mais fiéis ao partido

Luiz Calcagno
postado em 18/10/2019 15:35
[FOTO1]Durante a convenção extraordinária do PSL, na manhã desta sexta-feira (18/10), a vice-líder deputada Joice Hasselmann (SP) se queixou da pressão exercida pelos filhos do presidente da República, Jair Bolsonaro, sobre parlamentares. Ou o grupo estaria tentando tomar para si a legenda, como afirmam os mais fiéis, ou querem a liberação dos separatistas para seguirem para outro partido.

Ela destacou a gravidade do uso da estrutura do Palácio do Planalto para influenciar os parlamentares do PSL. "Isso, em uma democracia, não é uma coisa aceitável. E por não aceitar esse tipo de coisa é que a minha cabeça foi servida em uma bandeja, graças a deus. Mas, isso vai pavimentar o crescimento do PSL em maturidade. Não adianta ter 53 deputados, 15 atrapalhando e o resto, trabalhando" disse.

A deputada deu um recado para esse grupo. Disse que a porta da rua é serventia da casa, lembrou que os dissidentes já estão sob processo de suspensão e alguns mandatos tem que ser discutidos na Justiça. "Não se trata de Bivar ou Bolsonaro. Aqui não é essa a discussão. O presidente não deveria ter entrado na discussão. O presidente erra ao se meter em uma decisão partidária. Isso desmerece, enfraquece o presidente. Ele tem que ficar no PSL. Ele precisa do PSL e o PSL precisa dele. Na Câmara, eu quero ver qual o matemático que dará mais de 308 votos para o governo sem um PSL unido", afirmou Hasselmann.

"O presidente (da República) tem que fazer o papel de presidente. Não é de um articulador dentro do partido, para derrubar líder. Isso não é papel de presidente" criticou. Joice disse, ainda, que Eduardo Bolsonaro não será expulso. Segundo ela, quem faz o trabalho (de articulação dos separatistas) não é o filho do presidente. São Os Aspones que ficam ao redor. Ele não se expõe. O Eduardo tem que cumprir o mandato dele. Agora, para comandar o partido em meio a essa meninice, acho que não tem muito sentido", provocou.

"O maior diretório do país, o que vai definir o futuro do país, tem que ser comandado por alguém que tenha força, musculatura e maturidade política. Eu acho que ele terá, mas ainda não tem. O que está por trás da crise é a tentativa de ganhar no tapetão. Essa falta de consistência e cumprimento de palavra de um grupo. O líder (Delegado) Waldir é líder a pedido do Eduardo Bolsonaro. Eu fui contra à época. Queria eleição. Me procuraram, Eduardo, Francischini, e me pediram que eu recuasse pela unidade do partido", relembrou a deputada.

Em seguida, ela voltou a disparar. "Quem não cumpre palavra está morto na política. O que faz essa divisão é essa molecagem. Essa falta de cumprimento de palavra. Isso não é coisa de gente que pensa no Brasil, que tenha respeito e que seja respeitado. Você tem um grupo que não teve acesso a nada, e os olhos cresceram em cima do partido, a fome cresceu, pensando em eleições, mas o momento não é pra isso. É momento de pensar no Brasil ", disse.

Questionada se os filhos do presidente são "as crianças mimadas" o problema do partido, no entanto, ela amenizou. "O Flávio é mais maduro. Mas está com seus probleminhas, suas encrencas, acho que a investigação tem que seguir. Alguns que se dizem Bolsonaro mas não são estão usando o presidente do partido para fazer essa bagunça. O Bivar está sendo investigado, pode ser que tenha um problema. É verdade. Mas o filho do presidente também está sendo investigado. O ministro do presidente também está sendo investigado. Pau que bate em Chico, bate em Francisco", avaliou.

"Vamos aguardar as investigações para todos, para saber quem é inocente e quem é culpado. Não pode ter moralidade, legalidade seletiva. Agora, de fato, os meninos mais midiáticos atrapalham desde o início do governo. Isso, todo mundo vê. Às vezes a gente está ali com a pacificação entre governo e Congresso e lá vem um tuíte e mela tido. Lá vou eu fazer papel de bombeira" completou.

Para Hasselmann, a crise mostrou, ainda, que Eduardo Bolsonaro não tem poder para se tornar embaixador. A derrota na queda de braço, mesmo com o auxílio do Planalto, teria exposto a fraqueza política do filho do presidente. "Pode ser que amanhã as coisas mudem. Mas, dessa disputa, ele saiu enfraquecido", ponderou. A deputada disse que, agora, vai cuidar do mandato e da corrida eleitoral para a prefeitura de São Paulo.

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