postado em 19/10/2019 04:03
[FOTO1]Em convenção extraordinária composta apenas por aliados do presidente do partido, deputado Luciano Bivar (PSL-PE), parlamentares do PSL tomaram uma série de medidas para tornar sem efeito as ações de deputados ligados a Jair Bolsonaro ; como a criação de listas para derrubar o líder da sigla na Câmara, Delegado Waldir (GO), do cargo. Os presentes também suspenderam os cinco principais articuladores da ala bolsonarista: Carla Zambelli (SP), Bibo Nunes (RS), Alê Silva (MG), Filipe Barros (PR) e Carlos Jordy (RJ). Com a suspensão, eles perdem o direito de assinar qualquer lista ou documento em nome do partido e de falar na tribuna da Câmara.
Participaram do encontro cerca de 40 pesselistas. Dos dissidentes, esteve presente apenas Carla Zambelli (SP). Ela reclamou que não houve convite formal aos parlamentares e que soube do evento pela mídia. E disse que também soube pela imprensa, no fim do evento, que estaria suspensa do partido. Com o grupo, ela estuda, agora, a possibilidade de invalidar a reunião. O líder do PSL no Senado, Major Olímpio (SP), argumentou que o encontro foi legal e protocolado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). ;Não é festa, balada. A balada, você convida alguém. Mas, para fazer uma apresentação, você tem que fazer no Diário Oficial do TSE. Estamos absolutamente dentro da legislação. Poderiam ter apresentado outra chapa, mas não apareceram;, rebateu.
Outro tema tratado no encontro foi a destituição do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) da presidência do diretório paulista do PSL, e a do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) da chefia do partido no Rio de Janeiro. Major Olímpio afirmou que a legenda saiu do encontro mais unida. ;Houve a apresentação de uma chapa única para completar os quadros da convenção nacional, na assembleia geral do partido. Desde a última convenção, pessoas morreram ou deixaram o partido, e foram substituídos. Acabou a votação, com quórum com maioria absoluta. Temos as alterações feitas. Serão apresentadas na segunda feira ao TSE. Temos a convenção nacional, que será feita até 29 de novembro. Mas o partido sai muito mais unido;, afirmou.
Parlamentares de São Paulo e Rio de Janeiro já se articulam para formalizar o afastamento dos filhos do presidente da República, Eduardo e Flávio, dos respectivos diretórios. ;Não posso antecipar uma posição, mas eles querem e vão apresentar uma proposta de uma nova executiva. E tem mais estados. Não temos, formalmente, o afastamento ou a queda da executiva estadual em São Paulo e no Rio de Janeiro. Não temos nomes definidos para eventuais funções. Os deputados federais conversarão com estaduais, vereadores, que compõem a executiva partidária. O partido busca serenar os ânimos;, disse Major Olímpio.
Ganância
O senador evitou responsabilizar Bolsonaro pelo agravamento da crise, afirmando que há um grupo que ;cerca o presidente por ganância;. ;Ganância de toda ordem. Pelo fundo eleitoral e de financiamento de campanha que o PSL passou a ter dos maiores. Queria se fazer contratos de todas as formas. Vai ter escritório que vai promover compliance. O presidente é bem-vindo. Houve especulação de que ele pudesse vir à convenção. Precisamos ter o gesto;, cobrou.
Destituída da liderança do governo por determinação de Bolsonaro, a deputada Joice Hasselmann não poupou críticas ao presidente. Segundo ela, Bolsonaro teve uma atitude ingrata e mal-educada. ;Mas eu conheço o jeitão. Não esperava nenhum tipo de gentileza. Eu sei quem é o presidente. Eu acreditei na mudança e continuo acreditando, mas acho que a melhor ajuda dá quem mostra os erros. Quando você tem uma sombra de pessoas dizendo só amém, isso prejudica o Brasil;, disse.
A deputada também deu um recado para os dissidentes, ameaçando-os de expulsão: ;A porta da rua é serventia da casa. Não se trata de Bivar ou Bolsonaro. O presidente erra ao se meter em uma decisão partidária. Isso desmerece, enfraquece o presidente. Ele tem que ficar no PSL. Ele precisa do PSL e o PSL precisa dele. Na Câmara, eu quero ver qual o matemático que dará mais de 308 votos para o governo sem um PSL unido;, afirmou.
Sondagem
de partidos
O presidente Jair Bolsonaro afirmou na manhã de ontem, ao sair do Palácio da Alvorada, que tem sido sondado por outros partidos. No entanto, não quis nomeá-los. ;Estou meio bonito, né? Então tem vários convites;, disse. Ao ser perguntado se algum convite partiu de uma legenda de esquerda, reagiu: ;Está chamando a esquerda de maluca ou eu de maluco?; Ainda ontem, Bolsonaro recebeu o presidente do PSD, Gilberto Kassab (SP), mas disse que foi apenas uma visita de cortesia. ;Eu converso com todo mundo. Uns eu convido, outros querem vir. É o papel de um presidente. Eu quero paz para poder governar. Temos problemas enormes no Brasil para poder resolver;, disse.