postado em 20/10/2019 04:04
[FOTO1]A disputa interna pela liderança do Partido Social Liberal (PSL), sigla do presidente Jair Bolsonaro, se transformou em um complexo jogo de tabuleiro, em que cada lado reclama ser detentor das normas enquanto prepara o próximo lance. Parlamentares fiéis ao deputado Luciano Bivar (PE), presidente da legenda, não negam o próprio bolsonarismo, afirmam que o chefe do Executivo foi ludibriado e garantem que continuarão votando com o governo, apesar de trabalharem para anular cada ato dos separatistas, incluindo os filhos do capitão. O grupo dissidente, por sua vez, luta para destituir o líder do PSL na Câmara, delegado Waldir (GO): hora dizem querer deixar o partido, hora pedem mais transparência e democracia.
A única acusação que ;dá match; ; indicação de interesse de parceiros do Tinder ; é a do poder financeiro. Ambos os lados afirmam que o adversário quer as chaves da legenda e controle da verba partidária da segunda maior bancada do Congresso. Enquanto isso, a reforma da Previdência está para ser votada na terça-feira no Senado. No Nordeste, o vazamento de óleo atinge a orla de 77 municípios. E a semana promete. Após a suspensão dos principais articuladores do grupo separatista, Carla Zambelli (SP), Bibo Nunes (RS), Alê Silva (MG), Filipe Barros (PR) e Carlos Jordy (RJ), a diretoria pretende destituir Eduardo e Flávio Bolsonaro dos diretórios de São Paulo e do Rio de Janeiro.
Em contrapartida, o grupo mais próximo de Bolsonaro insiste na criação de uma lista para a retirada de Delegado Waldir da liderança. O deputado, por sua vez, ora critica duramente o chefe do Executivo, ora faz juras de amor. Já se disse ;mulher traída;, que volta ao lar depois de apanhar. Já o chamou Bolsonaro de vagabundo, disse que iria implodi-lo e afirmou, com todas as letras, que o presidente da República quer o cofre da legenda. A declaração ocorreu após o parlamentar ser questionado sobre o que estaria por trás da crise. ;A conduta do presidente da República pela busca da chave do cofre do partido. Ele fez isso tentando enfraquecer o presidente (do partido) Luciano Bivar para, dessa forma, tomar o controle. Nos próximos anos, têm eleições e ele queria o controle de todos os diretórios do partido do país;, acusou.
Um dos articuladores do grupo de Jair Bolsonaro, Bibo Nunes afirmou ao Correio que o PSL é ;dinheirista; e não se importa com a política nem tem transparência. Acusou Bivar de ser autoritário e mudar o estatuto do partido ao bel prazer, de forma antidemocrática. Disse, ainda, que abriria mão do fundo eleitoral, mas não do fundo partidário, pois teria que contribuir com um futuro partido. Segundo ele, a disputa começou após um encontro que teve com Bivar, em agosto, para pedir que o presidente da sigla retirasse um colega, o deputado Nereu Crispim, da presidência do PSL gaúcho.
Na ocasião, segundo Bibo, Bivar ofereceu R$ 1,5 milhão em emendas a ele e a mesma quantia a Sanderson para pacificar a situação. Ele teria dito que não estava à venda e, desde então, vem sofrendo perseguição dentro do partido. Por isso mesmo, acredita que pode sair do PSL alegando justa causa e mantendo o mandato.
Outras versões
Para Joice Hasselmann, vice-líder do partido e ex-líder do governo no Congresso, a liderança do partido na Câmara, no momento, é a cereja do bolo. ;O que está por trás da crise é essa tentativa de ganhar no tapetão. É essa falta de consistência e cumprimento de palavra de um grupo. Waldir é líder a pedido de Eduardo Bolsonaro. Eu fui contra à época. Tentaram enfiar goela abaixo e eu queria eleição. O próprio Eduardo me procurou e me pediu, pelo bem do partido, que eu recuasse do processo e ajudasse o Waldir. Essa foi a palavra empenhada. Minha palavra, eu cumpro. Quem não cumpre palavra, está morto na política;, disparou.
Sobre as acusações de dissidentes de que o grupo de Bivar só estaria interessado no dinheiro, Joice Hasselmann (SP), demonstrou indignação. ;Os bolsonaristas que querem tomar o partido e que querem o fundo do partido? Os dinheiristas acusam os outros de serem dinheiristas? Me poupe!”, reagiu. Carlos Jordy, por sua vez, pesou as palavras. ;O que está por trás dessa crise é a cobrança do presidente Jair Bolsonaro para que haja transparência em relação às contas do partido, para que se abra a caixa-preta. Afinal, são R$ 8 milhões por mês de fundo partidário. Queremos saber como esse dinheiro está sendo aplicado;, justificou. (Colaborou Jorge Vasconcelos)