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Joice: ataques on-line foram usados para eleger Eduardo Bolsonaro líder

Segundo a deputada Joice Hasselmann, alguns deputados do PSL assinaram a lista de apoio a Eduardo como líder na Câmara porque passaram a sofrer ataques nas redes sociais

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 22/10/2019 06:25
[FOTO1]A deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) afirmou que alguns de seus colegas de partido assinaram a lista que garantiu Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) como líder da legenda na Câmara porque foram vítimas de ataques orquestrados nas redes sociais. Depois de diversas reviravoltas e uma clara disputa interna, o filho do presidente Jair Bolsonaro assumiu o posto na segunda-feira (21/10).

Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, na noite da mesma segunda-feira, Joice se referiu a uma estrutura virtual de 1.500 páginas no Facebook, além de perfis no Instagram e grupos de WhatsApp, que é usada para realizar "ataques coordenados" na internet.

"Quem aguenta um ataque coordenado de mais de 20 perfis de Instagram, 1.500 páginas de Facebook? Porque esses são os números. Mil e quinhentas páginas interligadas atacando todo dia, com memes sendo preparados, com todos os grupos de WhatsApp, ataca aqui, ataca ali;", disse, já próximo do fim da entrevista.

"Inclusive, algumas pessoas que assinaram a lista (em favor de Eduardo Bolsonaro na liderança do PSL na Câmara), assinaram por isso, porque elas estavam sendo atacadas. E elas me diziam: ;Joice, você tem mais de 1 milhão de votos, eu não tenho, eu tive 40 mil. Eu não tenho capital político, eu não posso fazer isso;", completou.

%u2028Eleições municipais e tapetão

Um pouco antes, a deputada negou que a desavença entre ela e a família Bolsonaro tenha sido motivada por cálculos políticos visando as eleições municipais do ano que vem ; Joice é pré-candidata à Prefeitura de São Paulo. "Nesta briga específica, não tem nenhum horizonte eleitoral. Eu vou ser candidata e ponto. Já deixei isso claro, a Executiva nacional do partido me apoia e o presidente daqui de São Paulo, que é o Eduardo Bolsonaro, ou vai ser afastado ou daqui a pouco termina o mandato dele, em novembro. Então não muda nada no processo. Eu vou ser candidata e isso já está definido", garantiu.
Joice, então, prosseguiu: "O que está envolvido aí é uma tentativa de tomar o controle do PSL no tapetão, para colocar um líder que é o filho do presidente, que não agrega, desagrega. Tanto não agrega que, mesmo com o Palácio atuando, os ministros atuando, (muitos deputados não o apoiaram)."

A deputada reconheceu, no entanto, que o fato de ela ser amiga do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), gera "ciúmes" e faz com que alguns a vejam como "mais Doria do que Bolsonaro". Ela também afirmou que as desavenças com a família começou quando ela defendeu as investigações sobre Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ). Nesse momento da entrevista, Joice ; que se definiu como "100% lava-jatista" (e evitou se dizer 100% bolsonarista) ; disse que não ficou satisfeita como o governo, que se elegeu com a bandeira do combate à corrupção, atuou.

"Deleta tudo"


Na avaliação da parlamentar ; que, por decisão do presidente Bolsonaro, deixou de ser líder do governo na Câmara na semana passada ;, os filhos são um dos maiores obstáculos para o sucesso do atual governo. "Quando o presidente da República, que é o homem mais importante do país, sai da estatura dele e desce pra fazer uma espécie de lobby para eleger o filho; no que isso ajuda o país? Isso enfraquece o presidente", avaliou.

%u2028Para ela, os filhos de Bolsonaro deveriam se afastar das redes sociais. "Quando alguém que é filho do presidente fala uma frase, o peso dela é 10 vezes maior. Por isso mesmo eles deveriam ficar mais quietos, restritos. Deletar o Twitter deles. Deleta. Deleta tudo, deleta Facebook, deleta Instagram, deleta tudo. Fiquem quietos. Porque, em todas as crises que aconteceram entre Executivo e Legislativo, havia uma participação direta ou indireta de um dos meninos. Ou era alguém xingando um deputado, ou xingando um partido. O que isso contribui para o Brasil? Eu quero que o Brasil dê certo. Eu quero que o governo dê certo. E, desse jeito, daqui a pouco a gente vai perder a esperança."

"Eu errei"


Joice disse ainda que errou no último domingo, quando entrou em uma espécie de guerra de emojis pelo Twitter com o vereador Carlos Bolsonaro. Em determinado momento, ela tuitou a figura de um veado. "Errei. Reconheço", disse, se referindo a essa postagem e acrescentando que pretendia apagá-la.

A deputada defendeu que os integrantes do PSL devem acalmar os ânimos e buscar um terceiro nome, que seja consenso, para liderar o partido na Câmara. Só assim, ela acredita, a legenda vai superar a atual crise. Ela, porém, não quis sugerir um nome nem mencionar deputados que estariam sendo cotados para a função.

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