Politica

Crise no PSL rompe as barreiras do Congresso e chega à Justiça Eleitoral

Confronto entre as alas do PSL rompe as barreiras do Parlamento e chega à Justiça Eleitoral, com acusações mútuas de mau uso do dinheiro partidário e de falta de transparência. Questões envolvendo contas já aparecem e a causam desconforto

Luiz Calcagno
postado em 26/10/2019 07:00
[FOTO1]Os próximos capítulos da disputa de poder no PSL devem ocorrer nos tribunais eleitorais. Isso porque a ala fiel à legenda e os correligionários do presidente Jair Bolsonaro intensificaram as acusações de falta de transparência e mau uso da verba partidária. Um lado precisa lidar com o suposto esquema de candidaturas fantasmas de Pernambuco, que seria comandado pelo deputado Luciano Bivar (PE), presidentedo partido. O outro, com o esquema semelhante em Minas Gerais, que envolve o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio.

Os casos que confrontam as alas começam a aparecer. No DF, as contas do PSL de 2015 foram rejeitadas, o que reforçaria a artilharia dos bolsonaristas. O Acórdão n; 8.202, do Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal (TRE-DF), julgou improcedente a prestação de contas anual do partido, por unanimidade. À época, a legenda deixou de declarar 58,6% de todo o dinheiro movimentado na capital. O Correio procurou o advogado Newton Lins, à frente do diretório à época, pelo número de celular disponível na Ordem dos Advogados do Brasil, mas até o fechamento desta edição não houve retorno. O TRE-DF aponta ;irregularidades graves não sanadas e que comprometem a confiabilidade das contas apresentadas;.

Em outro caso, o site Vortex Média divulgou levantamento que aponta que o PSL não declarou toda a verba usada na campanha presidencial. Teria ocultado R$ 915 mil. E a revista IstoÉ acusou o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), líder na Câmara, de usar a verba do partido para a lua de mel. Em vídeo, disse que divulgaria o extrato do cartão de crédito provando que pagou do próprio bolso.

Diretor executivo do Transparência Partidária, Marcelo Issa considera as denúncias ;como justa causa para a saída de deputados do partido;. Salientou que na notificação extrajudicial que os advogados de Bolsonaro enviaram ao partido, havia menção ao ranking do Transparência Partidária na fundamentação do pedido, pois teriam ficado em último lugar no ranking, com zero ponto.

;A pontuação é de 0 a 10 e todas as outras legendas receberam notas entre zero e um;.

Carta aberta

O Blog da Denise adiantou a nota divulgada nesta sexta-feira (25/10) pelos bolsonaristas acusando Bivar de, entre outras coisas, não ter interesse em tornar o PSL transparente ou em apurar as denúncias. Vinte e oito parlamentares subscrevem o documento. ;Hoje, o PSL tem dois grupos. O nosso é o grupo leal ao presidente Bolsonaro. (...) O outro grupo também se dizia leal ao presidente Bolsonaro, mas isso foi só durante a eleição. Depois, mudaram de lado;, diz a nota. Leia a íntegra aqui.

Saída pelos tribunais

Paulo Gontijo, presidente do Livres, movimento político gestado e fortalecido dentro do PSL, sugere que a única maneira de pacificar o partido do presidente Jair Bolsonaro é a judicialização. Ele descreve o caso como uma disputa pelo poder no Congresso e na agremiação e, consequentemente, pelo controle do fundo partidário. Mas alerta: o presidente da sigla, Luciano Bivar, ;tem a arte de não perder o controle; sobre a legenda.

Sobre as acusações de falta de transparência feita pelos bolsonaristas, Gontijo acredita que o problema é generalizado. ;A gestão nunca foi uma das principais qualidades do partido, nem do clã Bolsonaro. Agora, estão os dois buscando pela casca de banana, tentando derrubar o outro do cavalo. A dinâmica da luta vai continuar sendo de idas e vindas. O que mostra que o grupo não tem clareza ou convicção de princípios. E as listas, de um lado ou de outro, seguem os interesses pessoais dos parlamentares;.

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