Politica

Nova pista no caso Marielle

Reportagem da Globo mostra que suspeito de envolvimento no assassinato da vereadora disse que iria à casa de Bolsonaro, ao se identificar na portaria do condomínio, mas foi a outro endereço. O então deputado estava em Brasília

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 30/10/2019 04:04
[FOTO1]

Registros da portaria do Condomínio Vivendas da Barra, no Rio, onde mora o presidente Jair Bolsonaro, apontam que Élcio de Queiroz, um dos suspeitos de envolvimento na morte da vereadora Marielle Franco, entrou no local no dia do assassinato, em 14 de março de 2018, dizendo que iria para a casa do então deputado. A informação foi veiculada pelo Jornal Nacional, da TV Globo. Os registros de presença da Câmara dos Deputados, no entanto, mostram que Bolsonaro estava em Brasília e que postou vídeos no Legislativo no mesmo dia.

Como houve citação ao nome do presidente, a lei obriga o Supremo Tribunal Federal (STF) a analisar a situação, afirma a reportagem do JN.

No mesmo condomínio, mora o principal suspeito de matar Marielle, Ronnie Lessa. De acordo com a reportagem, no dia do crime, o porteiro escreveu às 17h10 o nome do suposto visitante, Élcio, os dados do automóvel que ele dirigia ; um Logan, placa AGH-8202 ; e a residência para a qual ele iria, a de número 58. Élcio é apontado pela polícia como o motorista do carro usado no crime. A casa 58 do condomínio consta como sendo a de Bolsonaro no registro geral de imóveis. O presidente também é proprietário da casa 36, onde mora um dos filhos, o vereador Carlos Bolsonaro (PSL).

Segundo a reportagem, o porteiro contou à polícia que depois que Élcio se identificou, interfonou para casa 58 para confirmar se o visitante tinha autorização para entrar e que identificou a voz de quem atendeu como sendo a do ;seu Jair;.

Segundo o teor das declarações do porteiro à polícia apuradas pela reportagem, ele acompanhou a movimentação do carro de Élcio após a entrada e notou que o visitante se dirigiu à casa 66 ; e não à 58 ; do condomínio, onde morava Ronnie Lessa, apontado pelo Ministério Público e polícia como autor dos disparos contra Marielle. ;Fontes disseram à equipe de reportagem que os dois criminosos saíram do condomínio dentro do carro de Ronnie Lessa, minutos depois da chegada de Élcio, e embarcaram no carro usado no crime nas proximidades do condomínio;, diz a reportagem da Globo.

Segundo o JN, a polícia tenta recuperar arquivos de áudio da guarita do condomínio, cujo interfone é monitorado, para saber com quem, de fato, o porteiro conversou naquele dia e quem estava na casa 58.

Com a citação pelo porteiro do nome do presidente, representantes do Ministério Público do Rio foram a Brasília no último dia 17 para fazer consulta ao presidente do STF, Dias Toffoli. Eles questionaram se podem continuar com investigações, uma vez que o nome de Bolsonaro foi mencionado. Toffoli ainda não respondeu.

O advogado de Bolsonaro, Frederick Wassef, contestou o depoimento. Ressaltou que o presidente estava em Brasília no dia do assassinato de Marielle e disse que o depoimento do porteiro é uma ;mentira;, feita para atacar a imagem e a reputação do presidente.

;Afirmo com absoluta certeza que é uma mentira, fraude, farsa para atacar imagem e reputação do presidente;, disse Wassef ao JN. ;O presidente não conhece o Élcio.;

;Talvez, esse indivíduo tenha ido à casa de outra pessoa e, alguém, com intuito de incriminar o presidente, conseguiu um depoimento falso onde essa pessoa afirma que falou com Jair;, declarou o advogado à Globo.

STJ suspende o julgamento de Lula

O desembargador convocado do STJ, Leopoldo Arruda, que assumiu a relatoria da Lava-Jato na Corte, aceitou pedido da defesa de Lula e suspendeu julgamento que deveria ocorrer hoje, no TRF-4. Seria analisada a anulação da sentença da ação penal sobre o sítio de Atibaia, que condenou o ex-presidente a 12 anos e 11 meses por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O TRF-4 julgaria se a sentença da juíza Gabriela Hardt deve ser anulada para o caso voltar às alegações finais, seguindo decisão do STF ; que anulou a pena de outro alvo da Operação por entender que o direito de defesa foi ferido por não poder apresentar as alegações após seus delatores.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação