Luiz Calcagno
postado em 31/10/2019 17:25
[FOTO1]Vice-líder do PSL na Câmara, o deputado Bibo Nunes (RS), da ala bolsonarista da legenda, deu uma coletiva de imprensa no Salão Verde, defendendo o líder do partido na casa, Eduardo Bolsonaro (SP). Eduardo supôs a volta do AI 5 em caso de uma radicalização da esquerda. O filho do presidente da República fez a afirmação em entrevista, após ser questionado sobre os protestos no Chile. Ele ainda afirmou que seria ;ingenuidade;, acreditar que as manifestações não seriam arquitetadas.;Vai chegar um momento em que a situação vai ser igual a dos anos 1960 no Brasil. Quando sequestravam aeronaves, executava, sequestrava grandes autoridades, cônsules, embaixadores. Quando executavam policiais. Se a esquerda radicalizar a esse ponto, a gente vai precisar ter uma resposta. E uma resposta, ela pode servir, um novo AI 5. Pode servir uma legislação aprovada através de plebiscito, como ocorreu na Itália;, afirmou Eduardo Bolsonaro.
Pesando as palavras, Bibo afirmou que o líder do partido colocou uma condicionante ;se;, e, portanto, não fez nenhuma ameaça. ;Ele levantou a possibilidade se houvesse uma esquerda extremada. Nós somos contra qualquer tipo de extremismo. Tanto de esquerda quanto de direita. Nenhum extremismo funciona. O AI 5 foi extremo. Mas não quer dizer que nós venhamos a trazer o extremismo de volta. A não ser que tenha um extremismo de esquerda, que eu acredito que não vá acontecer;, afirmou.
Questionado se o extremismo como reação também não seria ruim, o parlamentar disse que ;não é o ideal;. O Ato Institucional Número 5, assinado pelo presidente Costa e Silva, durante a ditadura militar, em 13 de dezembro de 1968, resultou, dentre outras coisas, no fechamento do Congresso e perseguição política a parlamentares, o endurecimento da censura e o fim do habeas corpus em casos de crimes com motivações políticas.
;Não é o ideal. Nós somos contra qualquer tipo de extremismo. Mas a esquerda não deve ser extrema. A toda ação vem uma reação. Mas eu não vejo ambiente de extremismo na esquerda. Espero que não tenha. Vamos preservar a democracia acima de tudo;, garantiu. Depois, destacou que o filho de Jair Bolsonaro extremou uma ;opinião dele;. ;Ele falou o que é a maneira dele pensar. Só que foi na condicional. Não foi taxativo. Sou contra a esquerda radicalizar. Temos que ter respeito. Respeito ao país, aos cidadãos, aos eleitores. Nada de radicalização leva a lugar algum;, reforçou.
;O AI 5 foi uma radicalização, mas ele não disse que vai usar. Ele não disse isso. Colocou na condicional. Muitas vezes, é maneira de falar. Se acontecer isso, é tanta radicalização, olha o que está passando a família. Olha o que aconteceu no caso do porteiro, que ele diz que está na casa, e ao mesmo tempo, que não está na casa. É um novo jornalismo que está surgindo. Isso me lembra muito o jornalismo marrom. Eu gostaria que não existisse a retomada do AI 5. E ninguém falou em retomada do AI 5. Não existe retomada do AI 5 falada. Ninguém afirmou. Foi apenas uma condicional. É bom parar de achar tanto pelo em ovo;, insistiu o pesselista.
Sobre o AI 5 durante a ditadura, Bibo Nunes evitou se aprofundar no assunto. ;Naquele momento, até usaram o que acharam que era necessário, mas hoje eu não vejo ambiente e nem onde colocar o AI 5, e acredito que não teremos algo semelhante ao AI 5, porque o povo brasileiro está muito maduro, está consciente de que precisamos da democracia e que respeitem a democracia. Todos aqui somos democratas e queremos o melhor para o Brasil;, afirmou o parlamentar.
Depois, falou sobre a suspeita de que o assassino de Marielle tivesse procurado a residência do presidente da República, no condomínio em que Bolsonaro Morava no Rio de Janeiro. ;Olha o que a família Bolsonaro está sendo atacada injustamente. E está ganhando mais respaldo da população. E falam que o presidente fala demais. Eu prefiro um presidente que fale demais, do que um que roube demais. Condicional é condicional. Ameaça é ;eu vou fazer;;, repetiu.
Sobre o pedido de cassação de Eduardo, o parlamentar afirmou que ;é um direito deles;. ;Façam o que quiserem;. Ele também comentou a possibilidade de a afirmação acirrar a crise no PSL. ;A crise do PSL, é muito bom colocar, somos 53 deputados. Dos 53, qualquer votação que tenha, no mínimo 50 votos serão sempre a favor do presidente Bolsonaro. Estou sabendo agora do conselho de ética. Não estou preparado para defesa A ou B. Estou sendo preparado para a defesa da democracia no país, e o bom senso acima de tudo;, disse.
Se coloquem na posição dele (Eduardo Bolsonaro). Olhe o que sofre de injustiça. Olha o que sofrem de ataque. As pessoas são humanas. As pessoas tem sangue. Verde e amarelo, de preferência. Não é algo que seja de gravidade, que ele afirmou. Foi na condicional. Se fizerem isso, se a esquerda for extremada. Foi uma colocação dele. Radicalização, como ele colocou, sequestro de aeronave. Eu não acredito nisso. Não acredito que a esquerda venha a radicalizar extremamente. Mas, em qualquer lugar do mundo, se existir, força, poder coercitivo existe pra quê? Para reprimir quando sair da regra, da norma democrática;, completou.
Bibo Nunes também afastou qualquer possibilidade de colocar a ameaça em prática. ;Não tem nada de golpe. O PSL está feliz. O presidente é um democrata autêntico. Em momento nenhum estaria pensando em golpe. Até porque ele é presidente eleito. Onde que um eleito vai promover um golpe? O presidente foi eleito e vai dar um golpe? Ele tem poder;, garantiu.