Luiz Calcagno
postado em 06/11/2019 06:00
[FOTO1]Na 9; reunião da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News, foi a vez dos governistas agirem. Convocado para depor, o jornalista Allan dos Santos, dono do site Terça Livre, mostrou-se articulado e incisivo nas colocações, enquanto a oposição demonstrou nervosismo e dificuldade para inquirir o depoente. Além disso, a sessão ocorreu sob constantes trocas de farpas e bate-boca entre deputados e senadores. Foi ainda mais nervosa que a de 30 de outubro, quando compareceu Alexandre Frota (PSDB-SP). O depoimento desta quarta-feira (6/11) será técnico, destinado a sites checadores de notícias e, na próxima terça, a convidada será a pesselista Joice Hasselmann (SP).Allan dos Santos foi convocado mediante requerimento do deputado Rui Falcão (PT-SP) e foi acusado por Frota, na sessão anterior, de liderar, junto com o escritor Olavo de Carvalho, uma rede de disparo de fake news e linchamento virtual, além de agir diretamente com assessores da presidência da República nesses ataques. No início da sessão, a relatora, deputada Lídice da Mata (PSB-BA), apresentou, como exemplo de notícias falsas, uma série de divulgações do site Terça Livre. Entre elas, uma matéria contra o Instituto Alana, em que o jornalista foi condenado a dar espaço para direito de resposta, e a matéria que afirmava que Glenn Greenwald, dono do site Intercept Brasil, teria sofrido um ataque cardíaco por uso de cocaína.
O depoente se saiu bem na primeira resposta. Destacou que já tinha vencido outros processos nessa mesma matéria e que direito de resposta não configura prova de que a matéria seria fake news. No caso de Glenn, no entanto, disse que só a vítima da divulgação poderia interpelá-lo na Justiça, apelou pelo direito de sigilo da fonte e se recusou a falar. Provocado pelo deputado David Miranda (PSol-RJ), marido de Glenn, que negou o infarto e mostrou um vídeo do jornalista com o companheiro e os filhos em casa, o dono do Terça Livre disse que somente acreditaria se essas provas fossem comprovadas na Justiça.
Nervosismo
Na oposição, couberam aos deputados Natália Bonavides (PT-RN) e Túlio Gadêlha (PDT-PE) protagonizarem os momentos de maior sensatez. Nenhum se deixou dominar pelo nervosismo. A Bonavides, Allan dos Santos se recusou a responder, mais uma vez, a respeito do suposto infarto de Glenn Greenwald, e também se reservou o direito de ficar calado ao ser questionado se já teria recebido os assessores da presidência integrantes do chamado Gabinete do Ódio, em sua residência. À direita, Caroline de Toni (PSL-SC) e Filipe Barros (PSL-PR) procuraram fortalecer o jornalista. O parlamentar paranaense insistiu com o presidente da CPMI, Ângelo Coronel (PSD-BA), que representantes da Rede Globo fossem chamados a depor.O presidente da CPMI disse ter notado divergência entre os depoimentos de Allan e de Frota. Allan começou concordando em abrir o sigilo bancário, mas, ao final, por sugestão da deputada Bia Kicis (PSL-DF), mudou de ideia. Porém, o plano é que o PT entre com um pedido para a quebra dos sigilos. ;Depois das quebras dos sigilos bancário, fiscal e telefônico, é que vamos aferir quem é que falou a verdade. Esse é o marco da CPMI, esclarecer a verdade doa a quem doer. Não estou aqui para defender nem governo Bolsonaro nem tampouco PT e nenhuma outra agremiação política;, afirmou Ângelo Coronel.