Politica

CPI das Fakes News ouve representantes de sites de checagem de fatos

Entre os convidados estão representantes de sites como e-farsas.com, Boatos.org e Assespro Nacional

Luiz Calcagno
postado em 06/11/2019 17:00
[FOTO1]A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News ouve, nesta quarta (6/11), representantes de sites de checagem de fatos. Deputados e senadores questionam os convidados sobre como ocorre a checagem e que instrumentos podem ser usados para combater a disseminação de notícias falsas.

Os convidados são Edgard Matsuki, representante do portal Boatos.org, Sérgio Boeck Lüdtke, Gilmar Henrique Lopes, do e-farsas.com, e Adriele Britto, da Associações das Empresas de Tecnologia da Informação (Assespro Nacional). A sessão teve início com os palestrantes apresentando seus trabalhos.

Em sua fala, Gilmar Lopes comentou, dentre outras coisas, fez referência ao depoimento desta terça (5/11), do jornalista Allan Santos, dono do site Terça Livre. Durante seu depoimento, Allan dos Santos falou de uma reportagem da Veja, em que o porto cubano de Mariel teria sido usado para comércio de armas nucleares do Brasil com Cuba.

;Ontem, o Alan falou algumas inverdades. Ele mostrou algumas notícias. Disse que as agências de checagem ia perseguir ele. Se ele falar a verdade, isso não acontece. Ele falou que o Brasil tinha uma reportagem sobre troca de armas nucleares entre Brasil e Cuba. Eu fui atrás da notícia, era Coréia do Norte;, afirmou Gilmar Lopes.

Os convidados também comentaram o uso do termo ;grande mídia;. Eles descreveram a expressão como um ;termo retórico;, usado de forma crítica por veículos menores. Esses mesmos grupos, no entanto, tratam como verdadeiras notícias publicadas em grandes veículos e que coincidam com as ideias propagadas por eles.

Outro tema discutido foi a fake news da ;mamadeira de piroca;, difundida durante as eleições. O deputado Rui Falcão (PT-SP) questionou como os checadores receberam o caso e se ele interferiu nas eleições. Todos disseram que trataram a notícia como falsa, e explicaram que, pelas evidências, foi uma mentira que cresceu de forma mais orgânica que impulsionada. Sérgio Boeck destacou que a notícia falsa se espalhou pelo mundo, mas nenhum deles comentou uma possível influência nas eleições.

Sessão Tranquila

Com depoimentos técnicos, a sessão dessa quarta (6/11) da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News segue muito mais tranquila que a de terça (5), repleta de bate-bocas e trocas de farpas entre deputados e senadores. Apesar da tranquilidade, o deputado Delegado Éder Mauro (PSD-PA) causou constrangimento ao falar sobre processos que já sofreu, entre eles, por tortura. Segundo ele, é uma acusação comum de presos e parentes de presos.

Durante uma fala, o deputado Alexandre Frota (PSDB-SP) pediu que a CPMI tivesse o suporte do Ministério Público ou da Polícia Federal, para fortalecer os atos e solicitações de deputados nas investigações. O senador Ângelo Coronel (PSD-BA), presidente da comissão aproveitou para informar que já foi solicitado e escolhido um delegado da Polícia Federal especialista em crime cibernético para auxiliar os trabalhos do grupo.

Nesse momento, o Delegado Éder Mauro pediu uma questão de ordem. O deputado fez um alerta da importância de a CPMI ser neutra e investigar todos os partidos e espectros políticos que possam estar ligados à propagação de notícias falsas. Alertou que os trabalhos não pendam apenas para um lado e ironizou a presença do delegado, afirmando que muitos se sentirão desconfortáveis com a presença de uma autoridade da Polícia Federal. Nesse momento, começou a falar de processos judiciais.

;Eu não tenho problema com a Polícia Federal e com a Justiça. A não ser processos por questão de Polícia, por morte de bandido, por invadir a casa de bandido, por tortura;, disparou. A afirmação causou desconforto na comissão. O parlamentar, porém, não cedeu. ;Respondo por tortura. Mas é comum bandido e familiar de bandido denunciar policiais por tortura. Mas não tem nenhum. O delegado da Polícia Federal vai causar medo em muitos;, afirmou o deputado.

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