postado em 07/11/2019 04:13
A Polícia Federal (PF) atendeu a pedido do Ministério Público Federal e abriu inquérito para apurar se um dos porteiros que prestaram depoimento no âmbito das investigações do assassinato da vereadora carioca Marielle Franco mentiu ao citar o presidente Jair Bolsonaro. O funcionário do Condomínio Vivendas da Barra, onde o chefe do Executivo tem casa, afirmou que o ex-PM Élcio de Queiroz, suspeito da morte de Marielle, foi até o local no dia em que a parlamentar foi assassinada, em 14 de março do ano passado, horas antes do crime.Na guarita, Élcio teria dito que iria para a casa de Jair Bolsonaro. O porteiro disse, em depoimento à Polícia Civil do Rio, que telefonou para a casa de número 58, onde o presidente morava até janeiro deste ano, e que a entrada de Élcio foi autorizada por alguém que ele identificou como ;seu Jair;.
Ainda de acordo com o depoimento, ao entrar no residencial, Élcio se dirigiu à casa 65, pertencente a Ronnie Lessa, outro suspeito do homicídio. O porteiro disse que acompanhou o automóvel pelas câmeras de segurança e, novamente, telefonou para a casa 58, obtendo aval para que o suspeito permanecesse no local. Naquele dia, Bolsonaro estava em Brasília, informação confirmada por registros da Câmara dos Deputados e também por lives que ele realizou no gabinete e nas dependências do Congresso.
Gravações da portaria do Condomínio Vivendas da Barra divulgadas pelo vereador Carlos Bolsonaro revelaram que, com a chegada de Élcio, um dos porteiros ligou para a casa 65 e quem autorizou a entrada do dele foi Ronnie Lessa.
No entanto, de acordo com o colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, a Polícia Civil sabe que o porteiro que fez a ligação para a casa de Lessa não é o mesmo que afirmou, em depoimento, ter obtido autorização de ;seu Jair; para liberar a entrada de Élcio. A PF vai investigar se o funcionário mentiu e, nesse caso, qual o motivo.
Além disso, também quer saber como funciona o sistema de ligação do condomínio e se as chamadas podem ser transferidas automaticamente para o celular dos moradores. A depender do resultado, um trecho das investigações pode ser enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) para análise. (RS)