Politica

Brasília-DF

por Denise Rothenburg » deniserothenburg.df@dabr.com.br

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 10/11/2019 04:04
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Primeiros acordes
e seus reflexos


Tudo o que o PT falou ao longo da campanha e no Congresso nos últimos tempos, sem reflexo na sociedade, Lula repetiu nesse fim de semana do alto do palanque no ABC, num ensaio do que pretende espalhar pelo país: ligar os Bolsonaros aos milicianos do Rio de Janeiro e pedir explicações sobre o ex-assessor Fabrício Queiroz que continua sem esclarecer detalhadamente as transações financeiras. Enquanto isso, o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Justiça, Sergio Moro, citam o ex-presidente como presidiário, que está condenado em segunda instância. Ou seja, solto, mas não completamente livre.

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O primeiro resultado desse embate é a antecipação da guerra eleitoral entre esses personagens já em 2020, nas eleições municipais. O centro da política ainda tem esperanças de que o eleitor reconheça que é possível fazer uma aposta longe dos dois extremos. Só tem um probleminha: no momento, Lula e Bolsonaro têm mais voz junto ao eleitorado. Os demais ainda não deram o ar da graça nessa seara. O único que aparece com dois dígitos nas pesquisas é Luciano Huck. Não por acaso, Lula e Bolsonaro atacam as organizações Globo, onde o apresentador trabalha. É ele que veem hoje como o maior adversário.


Onde mora o perigo I


As mensagens do presidente Jair Bolsonaro pedindo aos seus seguidores que não caíssem em provocações têm relação direta com o receio de que algum mais afoito (para não dizer maluco mesmo) termine cometendo algum atentado contra Lula nessas andanças pelo país. Afinal, qualquer coisa que aconteça com o petista hoje será atribuída aos bolsonaristas.

Onde mora o perigo II

A reunião do presidente Jair Bolsonaro ontem pela manhã com os ministros e comandantes militares está diretamente relacionada à necessidade de acompanhar o que vem acontecendo no país depois da liberação de Lula. O momento é de tentar tranquilizar os bolsonaristas, mantendo a visão de que Lula é culpado e que, terminado o processo, voltará à cadeia.

Enquanto isso, no centro da política;


Num período de 10 dias, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, foi procurado pelo apresentador Luciano Huck; pelo governador de São Paulo, João Doria, e pelo do Rio, Wilson Witzel, lhe oferecendo a vice. Sinal de que o demista aparece bem na fita das pesquisas e é visto como um aliado confiável.

Por falar em Huck...


O fato de Lula chegar a São Paulo no jatinho dele não foi mera coincidência, ainda que o PT tenha alugado o avião. Segundo amigos do empresário, Huck sabia. O apresentador tem feito gestos para todos os lados. E se considera capaz de unir o que há de melhor na esquerda e na direita.


CURTIDAS



Mistura aí/ Na festa de sexta à noite em Curitiba, os petistas se referiam à volta de Lula e José Dirceu (foto) à cena política como a chance de ;limpar; o nome do PT e de tentar colar na população a imagem de que as prisões foram políticas, tal e qual àquelas que ocorreram nos tempos da ditadura militar. Assim, esperam deixar para trás os processos que atribuem a ambos participação nos escândalos de desvio de recursos da Petrobras.

Separa aí/ Os movimentos de rua ontem a favor da prisão em segunda instância, que muitos consideraram pequenos comparados às grandes manifestações de 2013, foram apenas o começo, no sentido de pressionar a mudança da legislação, de forma a prender Lula novamente. Outros virão, bem como milhões de assinaturas a fim de pressionar o Congresso a fazer valer essa possibilidade no texto constitucional. A ideia é usar a mesma tática que resultou na Lei da Ficha Limpa.

O que interessa/
Da parte do governo, há a certeza de que, se a economia melhorar, Lula continuará discursando para os próprios petistas, sem empolgar a maioria da população que elegeu Jair Bolsonaro.

Boa notícia/
Não é só de pacotes amargos que é feito o governo. Para a Cop25, a reunião da ONU sobre Mudanças Climáticas, o Brasil apresentará um elenco de bons resultados na redução de emissões de carbono.


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