Alessandra Azevedo
postado em 17/11/2019 06:33
[FOTO1]O procurador-geral da República, Augusto Aras, disse ter recebido ;com tranquilidade; a negativa do Supremo Tribunal Federal (STF) de revogar a decisão que permite que o presidente da Corte, Dias Toffoli, tenha acesso a dados sigilosos do Ministério Público Federal (MPF). O ministro pediu à Unidade de Inteligência Financeira (UFI), antigo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), cópia de todos os Relatórios de Inteligência Financeira (RIF) e Representações Fiscais para Fins Penais (RFFP) emitidos nos últimos três anos. Com a liberação dos dados pelo Banco Central, órgão ao qual a UIF é vinculada, o ministro também pode rastrear os servidores que estiverem online e as informações que eles estiverem analisando. Além de rejeitar o pedido de Aras para voltar atrás na decisão, o presidente do Supremo intimou o procurador-geral a informar, até amanhã, quais integrantes do MPF são cadastrados no sistema, além de quantos relatórios foram enviados pelo antigo Coaf de forma espontânea e quantos foram solicitados pelo Ministério Público.
Aras, entretanto, considera a medida ;desproporcional; e ;demasiadamente interventiva;, entendimento que reforçou em petição enviada ao STF na sexta-feira. O procurador-geral defende que é preciso ;cautela; na divulgação dos dados, para ;resguardar direitos individuais fundamentais e que são objeto de tutela do Ministério Público e de recomendações de organismos internacionais;. No pedido negado por Toffoli, Aras alega que não há previsão na lei para que as informações sejam liberadas a um único destinatário ; no caso, o ministro.
Com base nesses argumentos, a autoridade máxima da Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu para que o ministro revogasse a medida. Também sugeriu uma segunda via: que ele a substituísse por outra, ;de caráter não invasivo;, e devolvesse os dados que ele possa ter recebido. Nenhum dos pedidos foi aceito por Toffoli, que afirmou não ter visto, ainda, os relatórios, já liberados. ;O STF não realizou o cadastro necessário;, explicou. O BC permitiu que ele tenha acesso a informações sigilosas de 600 mil pessoas e empresas.
A UIF afirmou que os documentos expõem um ;número considerável; de pessoas politicamente expostas e com prerrogativa de foro por função. Na nota divulgada ontem, Aras afirma que o Supremo agiu com a ;cautela necessária; ao não acessar os dados. Aras reforçou que a PGR atua ;de forma transparente na busca de quaisquer indícios que possam servir de prova nos procedimentos investigativos em curso;.