postado em 21/11/2019 04:04
[FOTO1]O porteiro do condomínio Vivendas da Barra recuou em depoimento prestado à Polícia Federal, ontem, e afirmou ter lançado errado o registro de entrada de Elcio Queiroz na casa 58, do presidente Jair Bolsonaro, na planilha de controle do condomínio. O funcionário disse que havia se sentido ;pressionado; e deu a primeira versão para o episódio, na qual a entrada do suspeito de matar a vereadora Marielle Franco foi autorizada pelo ;Seu Jair;.
Apesar de dizer que se sentiu ;pressionado;, o porteiro afirmou que ninguém o forçou a prestar a versão em que menciona o presidente. O funcionário foi ouvido no inquérito aberto para apurar o próprio testemunho dele no caso. A investigação foi solicitada pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, para apurar ;tentativa de envolvimento indevido; do nome de Bolsonaro nas investigações sobre o assassinato da vereadora. O inquérito corre em sigilo, e o Ministério Público Federal afirma que só se manifestará na conclusão do caso.
A investigação teve início após reportagem da TV Globo mostrar que um homem chamado Elcio (que seria Elcio Queiroz, um dos acusados pela execução de Marielle) deu entrada no condomínio Vivendas da Barra, em 14 de março de 2018, dirigindo um Renault Logan prata. Ele teria informado ao porteiro que ia visitar a casa 58, de Bolsonaro. O porteiro afirmou ter confirmado a entrada com o ;seu Jair;. O presidente, à época deputado federal, estava em Brasília, conforme registros da Câmara.
Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes, foram mortos há 616 dias ; março de 2018 ;, em circunstâncias até hoje não esclarecidas.
A repercussão do caso levou Moro a solicitar, via Procuradoria-Geral da República, a abertura de um inquérito na Polícia Federal para apurar o depoimento do porteiro.
A Polícia Civil do Rio voltou a convocar para depor, depois de mais de um ano, pessoas ligadas a Marielle e ao vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ). Os investigares tentam entender melhor como era a relação entre os dois parlamentares, que eram vizinhos de gabinete na Câmara do Rio e chegaram a se envolver em uma discussão no corredor do prédio.
Federalização
Em setembro, a então procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu que o caso fosse conduzido em âmbito federal, o que será analisado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) até o fim deste ano. Inclusive, a defesa de Elcio Queiroz e de Ronnie Lessa (outro suspeito do crime) usa a manifestação da ex-PGR para pedir a suspensão do processo, alegando falhas na investigação. A federalização do caso enfrenta resistências do Ministério Público do Rio, que comanda as investigações.