postado em 21/11/2019 04:04
O Aliança não vai destrinchar as ações e demais estratégias para as eleições em 2020. Mas, passo a passo, o partido começa a ganhar corpo e musculatura política. No Ceará, oito deputados estaduais sinalizam a intenção de migrar para a futura legenda quando for aberta a janela partidária. Em Goiás, o líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), mantém diálogo próximo com aliados que assumirão presidências de diretórios municipais quando a sigla estiver homologada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ainda assim, os principais líderes do partido em gestação pregaram cautela, a exemplo do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).
Ao Correio, ele garantiu que o momento é de sobriedade, não de euforia em relação ao futuro da legenda. Dessa forma, tem buscado frear o ímpeto dos mais empolgados com as eleições municipais de 2020, deixando claro que todo e qualquer nome está sendo analisado caso a caso. ;Muita gente anda tentando puxar para si, principalmente diretórios municipais, dizendo ;ah, eu já sou do Aliança, já comecei;, mas não é nada assim, não. Está tudo em aberto;, avisou.
Irmão dele, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) deve ser confirmado hoje presidente do diretório estadual do Rio de Janeiro, segundo garantem interlocutores. A expectativa é de que, quando puder anunciar a migração, Eduardo assuma a presidência da executiva estadual em São Paulo. O deputado evita, contudo, se aprofundar nas estratégias e prioridades da futura legenda para 2020. ;Primeiro, o partido tem que existir, tem que ter a coleta de assinaturas, vai ter a convenção nacional na quinta (hoje). Então, um passo de cada vez. Mas, daqui a pouco, a gente começa com a coleta de assinaturas;, explicou.
Como deputado federal mais votado da história do país pelo eleitorado paulista, Eduardo disse que, pessoalmente, não está pensando na montagem partidária do Aliança em São Paulo, com a composição dos diretórios municipais e estaduais de olho nas eleições de 2020 e 2022. ;Não, eu tenho uma outra filosofia. Minha filosofia é fora do partido. Quatro anos do mandato e a gente está em eleição, vamos assim dizer. E o que elege deputado não é ser presidente de um diretório municipal ou estadual. O que elege é a satisfação do povo, a confiança, e isso pode ser trabalhado nos quatro anos, independentemente do cargo que vou ocupar dentro do partido;, destacou.
Alinhamentos
O argumento de Eduardo é respaldado por Bolsonaro, disse o deputado estadual André Fernandes (PSL-CE). O parlamentar foi recebido, na manhã de ontem, pelo presidente da República e, no encontro, a pauta de estrutura partidária do Aliança no estado nordestino não foi debatida. ;Hoje (ontem), na conversa que tivemos, não tinha isso de já estar alinhando os escritórios;, ressaltou. O parlamentar anunciou que, assim que possível, migrará para o Aliança. Outros sete deputados no estado podem adotar o mesmo caminho.
Embora tenha evitado entrar nas minúcias eleitorais do Aliança no Ceará e no Nordeste, Bolsonaro externou a Fernandes o desejo de estruturar a futura legenda com pessoas de confiança. ;Tem de ser escolhida uma liderança forte por estado que seja da confiança do presidente;, afirmou Fernandes. A ideia de Bolsonaro é priorizar ;qualidade;, não ;quantidade;. Ou seja, a principal preocupação do chefe do Planalto é compor o Aliança com pessoas de sua mais alta confiança. (RC)