postado em 23/11/2019 04:33
O Aliança pelo Brasil ainda não está oficialmente criado, mas a Executiva Nacional e os deputados federais, que anseiam pela migração à futura legenda, começam, passo a passo, a traçar as estratégias para dar musculatura política às eleições municipais de 2020. O martelo ainda não foi batido pelo presidente Jair Bolsonaro, mas a ideia de é ter candidaturas nas capitais. Caso não seja possível, o apoio a candidatos de outros partidos não está descartado. Paralelamente, parlamentares se mobilizam para viabilizar postulantes próximos e confiáveis em municípios do interior, embora reconheçam as dificuldades.
A intenção do Aliança é de usar a popularidade de Bolsonaro para emplacar candidatos fortes e evitar que municípios com grandes orçamentos, sobretudo as capitais, ;caiam nas mãos; de candidatos de partidos da oposição. ;Será importante esse pragmatismo para termos prefeitos chave para combater o Foro de São Paulo em todos os grandes municípios;, destacou o deputado federal Luiz Philippe de Orléans e Bragança (PSL-SP), que migrará, quando possível, para o Aliança.
A deputada Carla Zambelli (PSL-SP) partilha da opinião, embora defenda o lançamento de candidaturas com pessoas de estrita confiança, independentemente do tamanho. ;De repente, o município não é tão grande, mas tem gente de confiança. E aí vamos lançar, pois é uma base a mais;, analisou. A diretriz de Bolsonaro é priorizar os mais confiáveis. ;O presidente já deixou claro que é melhor ter menos prefeituras e não eleger tanta gente assim, mas ter certeza absoluta de que colocaremos gente qualificada, do que colocar qualquer um;, afirmou.
O plano do Aliança nos municípios é impulsionar candidatos por mandatos de deputados federais nos respectivos estados, por meio da associação da imagem dos parlamentares, que viabilizarão o consentimento dos nomes junto à Executiva Nacional. A estratégia, contudo, já se mostra desafiadora em meio à necessidade de emplacar pessoas de confiança. Zambelli reclama que, desde a convenção de fundação do futuro partido, na quinta-feira, várias pessoas começaram a se aproximar a fim de vincular candidatura a ela.
De quinta-feira para ontem, o número de ;aproveitadores; aumentou. ;Estou tendo que lidar com um monte de casos de gente que, por exemplo, aproveitou o fato de ter feito um vídeo comigo na cerimônia, falando nas redes sociais que vai comandar o Aliança em algum município. Eu tô meio bronqueada com o excesso de pessoas na briga de poder para chegar ao partido. Isso me deixou meio cabreira em apoiar alguém no próximo ano. É ruim uma coisa nascer já desse jeito;, criticou.
O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) que, futuramente, deve ser confirmado como o presidente do diretório paulista do Aliança, também tem freado o ímpeto dos mais empolgados. ;Muita gente anda tentando puxar para si, principalmente diretórios municipais, dizendo: ah, eu já sou do Aliança, já comecei, mas não é nada assim, não. Está tudo em aberto;, avisou. Por esse motivo, o deputado federal Sanderson (PSL-RS) prevê um lançamento tímido de candidaturas. ;Se tivermos 50, já será muita coisa. Tendo algo concreto, o partido estando criado, vamos lançar, mas com muita cautela;, ponderou.
Estratégias
As estratégias para as eleições nas capitais ainda são incipientes, mas em duas delas as conversas estão mais maduras. Em São Paulo, a expectativa é lançar o jornalista José Luiz Datena. Luiz Philippe e Zambelli aparecem como plano B. Em Curitiba, a ideia é lançar o jornalista e advogado Ogier Buchi, nome de confiança do deputado Filipe Barros (PSL-PR). ;Se o presidente autorizar a candidatura do Aliança em Curitiba, ele é alguém de conduta ilibada e histórico de ativismo ao presidente, e reconhecido pela população. É uma das pessoas que eu levaria para o presidente Bolsonaro;, destacou o parlamentar.
A possibilidade de Barros ser candidato a prefeito em Londrina é uma situação que o deputado não descarta, embora garanta que é uma decisão que ficará a cargo de Bolsonaro. ;Eu sou soldado do presidente. Se ele quiser que eu seja candidato, serei. Se ele quiser que eu permaneça em Brasília, que assim seja. Não tenho apego a cargo, não dependo da política e já era advogado antes de ser vereador;, ponderou. O deputado estadual Washington Lee Abe (PSL) também pode sair candidato no interior paranaense apoiado por ele, à prefeitura de Cascavel.
Acordos
Caso o partido não esteja criado até março de 2020, Barros avalia a possibilidade de buscar acordos com legendas que tenham afinidade programática para sugerir e tentar emplacar seus candidatos, com a expectativa de que migre para o Aliança futuramente. ;A conversa, inclusive, tem que ser essa. Disputaria eleição por outro partido, uma vez que não tenha sido criado e, a partir do momento que for, essas pessoas migrariam para o Aliança. Claro que entra a questão jurídica, prefeitos poderiam sair a qualquer momento, mas vereadores teriam que esperar a janela partidária;, disse.
A capital carioca é um dos municípios para o qual o Aliança pode apoiar uma candidatura de outro partido. Na opinião do deputado Márcio Labre (PSL-RJ), a tendência é apoiar a reeleição do prefeito Marcelo Crivella (Republicanos). ;Seria até um gesto de fidelidade dado pelo Republicanos na esfera federal, estadual e municipal. Trabalhamos em sintonia em algumas pautas;, avaliou. Pessoalmente, o parlamentar vai trabalhar para tentar emplacar oito candidaturas, na noroeste fluminense e na Baixada, como em Mesquita, onde pretende lançar a coordenadora de seu gabinete no estado, Dra. Thaianna Barbosa.
Motivo da cisão dentro do PSL, a capilarização do Aliança no país será algo muito debatido entre parlamentares e a Executiva Nacional, a fim de evitar conflitos por espaços em prefeituras. Somente no Rio, são oito deputados federais. ;Ainda não tivemos problemas, mas vai ter. Farei de tudo para buscar harmonia e aliviar a tensão, em busca de uma divisão justa para que cada um tenha seu espaço;, ponderou Labre. Já Barros mantém contato com a deputada Aline Sleutjes (PSL-PR) e pondera que, em última instância, a anuência venha do diretório nacional. ;Precisamos de estratégia macro, a fim de ser um partido orgânico, não fisiológico;, justificou