Luiz Calcagno
postado em 26/11/2019 15:20
[FOTO1]O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), foi duro ao criticar a fala do ministro da Economia, Paulo Guedes, segundo quem não seria surpresa "alguém pedir o AI-5". A fala aconteceu em Washington, Estados Unidos, em uma coletiva de imprensa, na segunda-feira (25/11).
Ao dar a polêmica declaração, Guedes criticava o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por convocar manifestações contra o governo. É a segunda vez que um membro do governo aventa a possibilidade de um ato institucional nos moldes do que ocorreu durante a ditadura militar e que resultou, dentre outras coisas, no fechamento do Congresso e na suspensão do direito de habeas corpus.
Ao dar a polêmica declaração, Guedes criticava o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por convocar manifestações contra o governo. É a segunda vez que um membro do governo aventa a possibilidade de um ato institucional nos moldes do que ocorreu durante a ditadura militar e que resultou, dentre outras coisas, no fechamento do Congresso e na suspensão do direito de habeas corpus.
"Tudo que você tem dificuldade para explicar para a sociedade é ruim. Espero que não tenha sido isso e acho que não foi a intenção do ministro Paulo Guedes. Mas gerou manchete de todos os jornais brasileiros, gerando dúvida. Nós não podemos sinalizar para a sociedade a intenção de estimular uma batalha campal", afirmou Maia.
O presidente da Câmara disse também temer a polarização que se forma em antecipação às próximas eleições. "O que está se preparando é uma disputa eleitoral para 2020, 2022. E dá a impressão, às vezes, que os dois campos, tanto o do ex-presidente Lula quanto a parte do governo, estimulam que as manifestações venham para as ruas. Isso não me parece o melhor caminho. O melhor caminho é um debate de ideias", acrescentou.
O presidente da Câmara disse também temer a polarização que se forma em antecipação às próximas eleições. "O que está se preparando é uma disputa eleitoral para 2020, 2022. E dá a impressão, às vezes, que os dois campos, tanto o do ex-presidente Lula quanto a parte do governo, estimulam que as manifestações venham para as ruas. Isso não me parece o melhor caminho. O melhor caminho é um debate de ideias", acrescentou.
Reforma administrativa
A crítica de Maia ocorreu no fim da manhã desta terça-feira (26/11), quando o presidente da Câmara chegava ao Congresso. Ele voltou a falar sobre o tema novamente, quando questionado sobre o andamento da reforma administrativa."Se a gente está preocupado com a insatisfação da sociedade, a gente não vai resolver o problema apenas criticando o discurso do ex-presidente Lula. Foi muito radical, propondo que alguém possa falar de AI-5. A gente tem que dar soluções permanentes. Onde está o problema do Estado? Está na concentração de recursos de impostos e transferências na elite da sociedade brasileira. Do setor público e privado. Nós temos que ter coragem de enfrentar esse debate", defendeu.
[SAIBAMAIS]"Quando você faz uma reforma previdenciária, você reduz desigualdades. Poderíamos ter reduzido mais. Mas foi o possível. Você acaba taxando mais os que vão se aposentar mais cedo, com salários maiores. Quando você faz uma reforma administrativa, você reduz para os novos servidores o custo da máquina pública. Não podemos esquecer que os salários dos servidores federais hoje são quase o dobro do seu equivalente no setor privado. Um advogado da União, ou do parlamento, custa o dobro, na média, que um advogado no setor privado. As carreiras acabaram. Quase todos chegam ao topo muito cedo. Isso é um desestímulo ao aumento da produtividade e eficiência. E a questão tributária também. Quando você tem um país que tributa mais bens e serviços que a renda, você tributa mais a base que a elite", comentou.
Maia disse que o debate sobre as reformas ocorrerá com calma, pois nem a administrativa, nem a tributária serão aprovadas esse ano. Depois, voltou a falar sobre a declaração de Guedes. ;Gera insegurança na sociedade e, principalmente, nos investidores. Usar, dessa forma, mesmo que sendo para explicar o radicalismo do outro lado, não faz sentido. Porque alguém vai propor o AI5 se o ex-presidente Lula, que eu acho que está errado também, porque está muito radical, estimula manifestação de rua? O que uma coisa tem a ver com a outra?;, questionou.
;Nós vamos estimular o fechamento do parlamento? O fechamento dos direitos constitucionais do Cidadão, como o direito ao habeas corpus? Foi isso que o AI 5 fez de forma mais relevante. Tem uma manifestação de rua, a gente fecha as instituições democráticas? Tem que tomar cuidado. Você está usando um argumento que não faz sentido do ponto de vista do discurso e gera insegurança em todos nós sobre qual é o intuito por trás da utilização de forma recorrente dessa palavra;, alertou.