Politica

Bolsonaro diz que não vai interferir na escolha para a Fundação Palmares

Nomeado para presidir fundação, Sérgio Nascimento de Camargo classificou a escravidão como ''benéfica para os descendentes''

Rodolfo Costa
postado em 29/11/2019 10:05

[FOTO1]O presidente Jair Bolsonaro não vai interferir na nomeação de Sérgio Nascimento de Camargo para a Presidência da Fundação Palmares, que classificou a escravidão como ;benéfica para os descendentes;. Nesta sexta-feira (29/11), na saída do Palácio da Alvorada, ele sustentou que o titular da Secretaria Especial de Cultura, Roberto Alvim, tem ;carta branca; para fazer as mudanças que achar necessária em todas as subsecretarias e autarquias vinculadas à pasta, como a Palmares.

A política cultural será tocada com ampla autonomia por Alvim. O próprio Bolsonaro disse que tem despachos semanais com Alvim, dos quais só vai ;responder; nas próximas ocasiões, embora se prontificou a ouvi-lo a respeito da escolha de Sérgio. ;Olha só, o secretário é um tal de Roberto Alvim. Dei carta branca a ele;, sustentou.

A cultura, segundo o presidente, deve servir à ;maioria;, em referência aos votos válidos que garantiram sua eleição. ;A cultura nossa tem que estar de acordo com a maioria da população, não de acordo com a minoria e ponto final. É ele que decide, não vou adentrar em detalhe;, destacou.

Questionado sobre as polêmicas declarações ditas por Sérgio, Bolsonaro tergiversou sobre o tema. Não respondeu e relembrou o processo que respondeu na Justiça por injúria racial contra a cantora Preta Gil. ;Eu já fui acusado de racista. Lembra o que o programa CQC fez comigo. Inventaram as respostas que dei à senhora Preta Gil e daí o escândalo foi feito;, acusou.

Em um quadro do extinto programa, as imagens mostram Bolsonaro sendo questionado por Preta Gil sobre como reagiria se um de seus filhos se apaixonasse por uma mulher negra. Como resposta, declarou que não discutiria ;promiscuidade; com ;quem quer que seja;. ;Eu não corro esse risco. Meus filhos foram muito bem educados e não viveram em um ambiente como, lamentavelmente, é o seu;, declarou. De acordo com Bolsonaro e a defesa apresentada por ele no processo que tramitou no Supremo Tribunal Federal (STF), a fala foi distorcida por edições feitas pelo programa CQC.

Justiça

;Deixo claro que meu sogro é o Paulo Negão. Três anos depois a verdade veio à tona. O CQC, a frente o senhor Marcelo Tas, informou à Polícia Federal que não tinha mais a fita bruta. Ela havia sido reutilizada. Uma fita daquela reutilizada seria um troféu na imprensa. Por que foi reutilizada, segundo eles? Porque é uma mentira. E daí, seria comprovada a edição e a farsa cairia por terra. O Supremo entendeu, então, dadas essas informações, entre outras, arquivar o processo;, destacou Bolsonaro, nesta sexta.

Embora o STF tenha arquivado o processo, em 2015, desembargadores da Sexta Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) decidiram, em maio de 2019, manter a condenação do presidente pelas declarações emitidas em 2011. Além da fala sobre Preta Gil, Bolsonaro também foi acusado por homofobia. No mesmo bloco do programa, ao ser perguntado sobre como reagiria se tivesse um filho gay, disse que isso não aconteceria pois eles tiveram ;uma boa educação;. A defesa do capitão reformado também sustenta a informação de que houve adulteração nas falas.

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