Politica

PSL tenta construir nova identidade após saída de Bolsonaro

Para ampliar sua base nas eleições de 2020, o partido fala agora em se aproximar de governadores e formar alianças que antes esbarravam na resistência dos bolsonaristas

postado em 01/12/2019 17:04
[FOTO1]Abrigo da família Bolsonaro nas eleições do ano passado, o PSL prepara um reposicionamento político e estratégico após a anunciada saída do presidente da República, que pretende criar uma legenda. Para ampliar sua base nas eleições de 2020, o partido fala agora em se aproximar de governadores e formar alianças que antes esbarravam na resistência dos bolsonaristas.

A expectativa entre os aliados do deputado Luciano Bivar (PSL-PE), presidente e fundador do partido, é que a dissidência deve reduzir a bancada de 53 deputados para um número entre 27 e 30 parlamentares. Isso não afetaria, porém, o tempo de TV no horário eleitoral nem os R$ 358 milhões que o PSL terá para gastar no pleito de 2020 ; R$ 245 milhões do Fundo Eleitoral e R$ 113 milhões do Fundo Partidário. O cálculo é com base na bancada eleita em 2018.

Com esse ativo, o partido se tornou um aliado cobiçado. Em São Paulo, a sigla tem conversado com o governador João Doria e pode formar uma chapa com o PSDB na disputa pela prefeitura da capital. A ideia de reunir Bruno Covas e a deputada federal Joice Hasselmann é defendida abertamente por Doria, que é visto como adversário político por Bolsonaro.

A aproximação com o PSDB também ocorre no Rio Grande do Sul, onde a parte da legenda ligada a Bivar discute alianças com o governador Eduardo Leite (PSDB). O movimento existe a despeito de o presidente do partido no estado, deputado federal Nereu Crispim ; aliado de Bolsonaro ;, ter anunciado, na sexta-feira, a saída da legenda da base de Eduardo Leite.

Conversas também são conduzidas na Bahia, onde o PSL constrói pontes com DEM para disputar a prefeitura de Salvador. No Rio, após romper com Wilson Witzel (PSC), o PSL pós-Bolsonaro se reaproximou do governador e articula uma aliança para a disputa pela capital fluminense.

;O PSL pode somar com seu tempo de TV e fechar com o Republicanos e PSDB, por exemplo. O partido pode compor a vice (nos estados);, disse o deputado federal Junior Bozzella (SP), um dos mais próximos aliados de Bivar. A cúpula do PSL ambiciona conquistar entre 300 e 500 prefeituras em 2020. Entre as capitais, estão colocadas as pré-candidaturas de Joice em São Paulo, do deputado estadual Fernando Francischini em Curitiba e do radialista Nilvan Ferreira em João Pessoa.

O movimento de se abrir para alianças é alvo de críticas do grupo leal a Bolsonaro. ;Depois da janela partidária, o PSL vai virar um partido fisiológico. O partido não existe sem os Bolsonaro;, disse o deputado estadual Douglas Diniz (PSL-SP), que pretende migrar para o novo partido do presidente.

Discurso

Além de adotar uma linha mais pragmática, o ;novo; PSL planeja repaginar o discurso para atrair o eleitor de direita que rejeita o estilo beligerante e a agenda militarista de Bolsonaro. O partido deve manter o mote conservador nos costumes e liberal na economia, mas vai abandonar a agenda ideológica bolsonarista representada pelo escritor Olavo de Carvalho.

;O PSL será realmente alinhado com as bandeiras liberais na economia e não um partido nacionalista travestido de liberal. A parte do partido que está saindo é militarista, nacionalista e não liberal de fato;, disse Joice, ex-líder do governo no Congresso. Segundo ela, os dissidentes bolsonaristas não são ;PSL raiz;. ;São xiitas que desrespeitam a democracia e atacam as instituições;, disse.

Para Bozzella, sem os Bolsonaro, o PSL pretende deixar de lado o tom radical no discurso e se contrapor aos extremos. ;Há um extremismo autoritário no ;olavismo; que é extremamente ideológico. A postura entre as pessoas que cercam esse grupo é beligerante. Usam um tom ríspido, desrespeitoso, agressivo e próximo ao que vemos o Olavo de Carvalho fazer nas redes sociais;, disse o deputado.

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