postado em 04/12/2019 04:13
[FOTO1]O presidente do PSL, o deputado Luciano Bivar (PE), retomou o controle do partido na Câmara dos Deputados. A disputa interna da sigla, porém, ainda não chegou ao fim. Ontem, o diretório nacional do partido confirmou a suspensão do deputado Eduardo Bolsonaro (SP) e de mais 13 parlamentares ; outros quatro levaram advertência (veja quadro). O filho do presidente Jair Bolsonaro não poderá exercer atividades partidárias por um ano. O grupo deve entrar com recurso no próprio diretório nacional. Se não for bem-sucedido, poderá apelar ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Com a suspensão, os parlamentares perderão funções na Câmara, como lugares em comissões. Eduardo Bolsonaro, por exemplo, terá de deixar a liderança do partido na Casa, mas seguirá como presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional até o fim do ano, porque chegou ao cargo por meio de eleição e, portanto, fica imune a mudanças orquestradas pelo partido. O filho de Bolsonaro, no entanto, terá de sair da CPI Mista das Fake News, na qual ocupava uma vaga.
Os parlamentares foram punidos devido à briga por poder dentro da legenda, com a tentativa de retirar Luciano Bivar do comando da sigla. Eles já manifestaram o desejo de integrar o partido Aliança pelo Brasil, que Jair Bolsonaro pretende criar.
;O movimento claro, insofismável, visível, é que querem formar outro partido, mas não podem querer explodir o PSL e deixar o partido às traças. São pessoas, políticos responsáveis, patriotas, liberais e que querem continuar sua vida pública, política e partidária;, afirmou Luciano Bivar.
Questionado sobre a saída dos parlamentares para a futura legenda de Bolsonaro, Bivar disse que ;o mandato é uma coisa da legislação e uma discussão da Executiva nacional;. ;O partido é impessoal. Nada é decidido sem uma reunião, sem a Executiva e sem a elite pensante, que são os deputados.;
O ;autoritarismo; de Bivar é apenas uma das acusações do grupo de parlamentares bolsonaristas do PSL. A principal reclamação, segundo eles, é a falta de transparência da legenda. Segundo Filipe Barros (PR), a decisão do diretório nacional não surpreende. ;Já esperávamos, uma vez que a reunião que aconteceu hoje (ontem) foi um circo armado pelo autoritário presidente Luciano Bivar, onde ele comanda todos os membros da Executiva;, disparou.
Barros afirmou que a batalha chegará ao STF. ;Existe divergência jurídica quanto à extensão dessa suspensão. Alguns entendem que isso afetaria as questões internas do partido, outros, nossa vida parlamentar. Isso será judicializado, se for necessário. E ainda existe a possibilidade de entrarmos com um recurso administrativo, que está pendente;, destacou. ;Minha relação com o PSL é muito boa. Eu já disse nas minhas mídias que eu sou um soldado do presidente, mas existe uma questão jurídica que envolve isso. Não podemos deixar a legenda neste momento. Todos os deputados estão aguardando uma orientação jurídica.;
- Recurso bilionário
O PSL deixou de ser nanico após eleger 52 deputados no ano passado ; na prática, deve receber algo próximo de R$ 1 bilhão em recursos públicos até 2022. A intenção do grupo ligado a Bolsonaro era afastar Bivar para poder dar as cartas na distribuição do dinheiro. A manobra, no entanto, não foi bem-sucedida. - Os castigados
Veja as punições por deputado
Suspensão
Bibo Nunes (RS) 12 meses
Alê Silva (MG) 12 meses
Daniel Silveira (RJ) 12 meses
Eduardo Bolsonaro (SP) 12 meses
Sanderson (RS) 10 meses
Carlos Jordy (RJ) 7 meses
Vitor Hugo (GO) 7 meses
Bia Kicis (DF) 6 meses
Carla Zambelli (SP) 6 meses
Filipe Barros (PR) 6 meses
Márcio Labre (RJ) 6 meses
General Girão (RN) 3 meses
Junio Amaral (MG) 3 meses
Luiz Philippe de Órleans e Bragança (SP) 3 meses
Advertência
Aline Sleutjes (PR)
Chris Tonietto (SC)
Hélio Lopes (RJ)
Coronel Armando (SC) - Entenda o caso
Crise dos laranjas
A crise no PSL começou após publicações de reportagens denunciando as suspeitas de candidaturas laranjas do partido nas eleições de 2018. O presidente da legenda, Luciano Bivar (PE), e o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, são alguns dos investigados. As desconfianças incomodaram o presidente Jair Bolsonaro. O estopim foi uma declaração dele a um apoiador pré-candidato às eleições no Recife, ao dizer que Bivar estava ;queimado pra caramba;. Depois disso, vazou um áudio do deputado Delegado Waldir (GO) chamando o presidente da República de ;vagabundo;, em processo que culminou na votação que deu a liderança do partido na Câmara a Eduardo Bolsonaro.