postado em 04/12/2019 04:13
O presidente Jair Bolsonaro vê no fortalecimento da economia o grande trunfo para buscar a reeleição em 2022. Ele destacou, ontem, o resultado do Produto Interno Bruto (PIB), que registrou crescimento de 0,60% no terceiro trimestre, ante o trimestre anterior (leia reportagem nas páginas 6 e 7). O desafio, segundo especialistas, é que isso seja transformado em melhorias concretas para a população.
No último dia 2, Bolsonaro voltou a sinalizar que trabalha com a possibilidade de continuar no comando do Executivo. O discurso foi feito durante o lançamento da Campanha Pátria Voluntária, no Palácio do Planalto. ;A nossa missão é entregar em 2023 ou 2027 um Brasil bem melhor para quem nos suceder;, afirmou, na ocasião.
Bolsonaro, no entanto, sofreu com a reação demorada da economia e pressionou o ministro da área, Paulo Guedes, por resultados. Ele temia que o baixo desempenho aliado ao elevado índice de desemprego culminasse em manifestações como as que ocorrem em outros países da América do Sul, como o Chile.
Com a melhora nos indicadores, Bolsonaro acredita que o argumento de economia fraca, usado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para atacá-lo, cairá por terra. ;Veio em boa hora;, disse, ontem, ao comemorar o resultado do PIB.
Para o cientista político Marcus Vinicius Macedo Pessanha, a melhora na economia é um indicativo poderoso. No entanto, é necessário que a guinada econômica se transforme em benefícios reais para a população. Ele aponta que as próximas eleições presidenciais ainda estão distantes e é preciso que Bolsonaro tome precauções para que a economia não sofra o efeito voo de galinha.
;É preciso reverter isso em benefícios concretos em relação aos eleitores, seja em aumento de poder de compra, seja em geração de emprego, seja em melhorias de condição de vida e infraestrutura. As polêmicas permeando o governo não têm sido favoráveis;, ressaltou. ;É preciso lembrar que a economia é dinâmica. O aumento do PIB é ótimo, mostra que terá um quadro favorável ao ambiente de negócios, costuma ser indicativo forte de que condições de vida da população serão melhoradas, mas tem que ter percepção de que a reeleição está distante, e esses indicativos podem ser um voo de galinha: começam e não duram muito tempo. É preciso criar benefícios reais e efetivos para a população. Se isso ocorrer e se mantiver, ele se transforma num forte candidato à reeleição.;
- Privatização de Jericoacoara e Parque do Iguaçu
O presidente Jair Bolsonaro assinou um decreto que libera a privatização de unidades de conservação federal. Foram incluídos no Programa Nacional de Desestatização (PND) o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, no Maranhão; o Parque Nacional de Jericoacoara, no Ceará; e o Parque Nacional do Iguaçu, no Paraná. O texto foi publicado ontem, no Diário Oficial da União (DOU). Segundo o documento, a inclusão é ;para fins de concessão da prestação dos serviços públicos de apoio à visitação, com previsão do custeio de ações de apoio à conservação, à proteção e à gestão das referidas unidades;. O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, afirmou que o objetivo é dar uma destinação econômica para as unidades de conservação.