Politica

Mourão anuncia acordo de cooperação com laboratório de ideias chinês

A intenção é que pesquisas conjuntas e troca de conhecimento auxiliem Brasil e China no aprofundamento de relações bilaterais

Luiz Calcagno
postado em 04/12/2019 11:25

[FOTO1]O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, participou, na manhã desta quarta-feira (4/12), da solenidade de abertura do seminário internacional Ipea-Caitec. No evento, o Instituto de Pesquisa e Economia Aplicada (Ipea) assinou um acordo de cooperação com o laboratório de ideias (think-tank) chinês. A intenção é que pesquisas conjuntas e troca de conhecimento auxiliem Brasil e China no aprofundamento de relações bilaterais.

Mourão destacou a importância da relação entre as duas nações e destacou que o comércio entre os países já dura 45 anos sendo que, há dez, o gigante asiático é o principal parceiro comercial do Brasil. ;A aproximação entre Ipea e Caitec contribuirá para ampliar o conhecimento do instituto sobre a realidade chinesa e internacional, expandindo nosso entendimento mútuo nos desafios de hoje e de amanhã;, afirmou.

;A vice-presidência da república retomaram os trabalhos da Comissão Sino-brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (COSBAN), disse o vice-presidente. A comissão formada em 2004, ele destacou, não se reunia desde 2015. ;Demos o primeiros passos no exercício do nosso mandato. A importância estratégica do nosso relacionamento com a CHina estava evidente. No primeiro ano, precisávamos conhecer nossos interlocutores e entender melhor nossos interesses;, afirmou.

O vice-presidente destacou, ainda, os desafios para o avanço do êxito entre a parceria Brasil-China. Segundo Mourão, são três objetivos: ampliar e diversificar exportações com agregação de valor; aumentar o volume e direcionar investimento chinês para áreas prioritárias, e aprofundar a cooperação entre ciência tecnologia e inovação entre os países. Os presentes destacaram, também, a importância dos encontros entre o presidente da República, Jair Bolsonaro, com o presidente da China, Xi Jinping, tanto na viagem do chefe do Executivo para o país asiático, quanto na vinda do chefe de estado ao brasil durante a reunião dos Brics.

Outro tema abordado foi um futuro acordo de livre comércio entre as duas nações. O Ipea divulgou uma avaliação dos impactos de um acordo nesses moldes para a economia brasileira. Segundo o estudo, uma negociação nesses moldes ;geraria resultados inequivocamente positivos para a economia brasileira., com ganho de PIB, investimento, exportações e importações;. ;O saldo comercial seria um pouco pior, mas haveria uma redução significativa do nível de preços agregado e um aumento do grau de abertura da economia, medido pelo nível das exportações e das importações em relação ao PIB.;

Alertas

O presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara, deputado Fausto Pinato (PP-SP), falou dos perigos que incorre a relação entre o brasil e a China. Destacou que o país não poderia, por exemplo, priorizar vistos eletrônicos para Taiwan em detrimento da China, como divulgou a BBC essa semana, e que a China também teria que confiar no parceiro com relação à floresta Amazônica.

Já o presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado, Nelsinho Trad (PSD-MS), destacou a importância da rota terrestre Bioceânica, que ligara o Mato Grosso do Sul ao Chile por meio de hidrovias, barateando o fluxo comercial entre Brasil, Paraguai, Argentina e Chile, e ligando diretamente o Brasil ao Oceano Pacífico, aproximando o país da China.

;O Brasil tem interesse em abrir amplo espaço do investimento chinês, mas quer manter o controle de suas estruturas de cadeias logísticas e de produção. O Brasil continuará a prover produtos básicos e essenciais à China, mas também outros produtos com valor agregado. Em uma perspectiva pragmática de interesse mútuo;, destacou o senador.

Qu Weixi, vice-presidente da Caitec afirmou que a China ;trabalha vigorosamente abrindo o mercado para o Brasil, reduzindo tarifas e eliminando barreiras não tarifárias;, enquanto o Brasil está fazendo reformas para atrair investimentos. ;Temos que promover a cooperação econômica, institucional e de pessoas entre os países;, destacou.

O embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, destacou a importância de enfrentar os movimentos nacionalistas e anti-bilaterais que ganharam espaço no mundo nos últimos anos, e também, de construir consensos para aprofundar a relação entre os países. ;Como disse o presidente Bolsonaro, a China, cada vez mais, faz parte do futuro do Brasil. Nossa parceria bilateral é cada vez mais relevante para o desenvolvimento do Brasil. Isso ilustra a capacidade de dois países em desenvolvimento de avançarem juntos nos desafios. Nas últimas décadas, a economia mundial sofre ameaças ao bilateralismo;, disse.

;O anti bilateralismo ameaça os países emergentes. É uma grande satisfação constatar que o governo brasileiro faz de tudo para ampliar abertura e melhorar ambiente de negócios e viabilizar acordo de livre comércio entre Mercosul e União Européia. A china quer uma economia mais aberta e, também, reforçar o sistema multilateral de comércio. China e Brasil devem estimular esse comércio e aperfeiçoar a governança internacional;, completou.

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