postado em 06/12/2019 04:04
[FOTO1]As crises socioeconômicas e políticas da América do Sul serviram de pano de fundo para a 55; Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, realizada ontem, em Bento Gonçalves (RS). Durante a reunião, alguns dos mandatários alertaram para o fato de que a democracia passa por ;dificuldades e desafios;. O presidente Jair Bolsonaro disse que para ;fazer do bloco uma fonte de bem-estar para nossos cidadãos, não podemos perder tempo, precisamos levar adiante as reformas que estão dando vitalidade ao Mercosul, sem retrocessos ideológicos;.
;A defesa da democracia também é um pilar essencial ao Mercosul. Nosso compromisso com a liberdade tem que prosseguir mais vivo do que nunca. Hoje (ontem), assinamos acordos que vão agilizar e simplificar as trocas entre nós, como o acordo de facilitação de comércio;, comentou o chefe do Planalto. ;Temos de seguir avançando igualmente na direção de um Mercosul mais enxuto e eficiente, em sintonia com a racionalização do Estado, que levamos adiante no plano interno.;
A cerimônia ; com participação do presidente da Argentina, Maurício Macri; do presidente do Paraguai, Mário Abdo Benítez; e da vice-presidente do Uruguai, Lúcia Topolansky, além de representantes de Chile, Bolívia, Peru, Colômbia, Equador, Guiana e Suriname ; marcou a transferência do comando da presidência rotativa do Mercosul de Bolsonaro para Benítez. ;Ao transmitir, à vossa excelência, a Presidência do Mercosul, expresso minha convicção de que sua liderança será de extremo valor para o nosso bloco nesta hora de tantos desafios. Esteja certo de contar com meu apoio e com apoio determinado de todo o Brasil;, disse o presidente brasileiro ao paraguaio.
Benítez, por sua vez, enfatizou que ;temos o grande compromisso de fortalecer nossas democracias e melhorá-las com mais democracia, não com anarquia;. ;Atualmente (a democracia), apresenta dificuldades e desafios. Assumiremos a presidência e daremos continuidade ao trabalho do Brasil;, frisou. ;Temos grandes desafios, (como) fortalecer instituições para que nossas democracias possam depender menos do presidente e mais das instituições com consciência institucional.;
Topolansky reforçou o discurso e destacou que a América do Sul vive um ;contexto preocupante;. ;Não se trata de um único país atravessando crise. São vários países sacudidos por protestos e crises políticas, institucionais, até mesmo golpes de Estado. O que é mais grave: violência em alguns casos;, disse. ;Certas ausências e presenças (nesta reunião) são prova do que estou dizendo. Na história, não há atalhos. Na política, não vale tudo. Entre nós não deve ter dualidade de critérios;, emendou a vice uruguaia.
Já Macri, que deixará a presidência argentina no ano que vem para Alberto Fernández, ressaltou que os membros do Mercosul não podem abrir mão do compromisso democrático no continente. ;Quero destacar, uma vez mais, nosso compromisso irrenunciável com a democracia, com a liberdade e os direitos humanos;, destacou.
Venezuela
Ao fim do encontro, os mandatários assinaram uma carta conjunta na qual incentivaram ;a busca de uma solução política, pacífica, liderada pelos próprios venezuelanos, que conduza ao pleno restabelecimento da democracia e do Estado de direito na Venezuela, incluindo a celebração de eleições presidenciais livres, justas e transparentes no menor tempo possível;.
No texto, o grupo pede que a comunidade internacional siga contribuindo, ;por todos os meios pacíficos a seu alcance, para o pronto retorno da institucionalidade democrática àquele país;, e destaca preocupação com o impacto humanitário que a grave crise política e econômica na Venezuela tem sobre o contingente de mais de quatro milhões de venezuelanos, obrigados a emigrar.
;Considerando o crescimento dos fluxos migratórios de venezuelanos que buscam novas oportunidades na região frente à deterioração das condições de vida na Venezuela, (os mandatários) salientaram a necessidade de intensificar a coordenação de esforços a fim de dar respostas integrais em matéria migratória e de refúgio, de forma consistente com a dignidade e a preservação dos direitos fundamentais dos migrantes;, reforça o documento.
;Golpe;
Após a transferência de comando da Presidência do Mercosul, Bolsonaro disse a Benítez, em tom de brincadeira, que queria continuar à frente do bloco. ;Queria dar um golpe para continuar a ser presidente, não dá para dar um golpe não?;, riu, sem perceber que os microfones ainda estavam ligados. ;Os caras não sossegam. Tudo quanto eles perdem, dizem que é golpe. Impressionante;, emendou. As declarações ocorreram após a vice-presidente do Uruguai, Lucía Topolansky, ter afirmado que houve uma ;quebra institucional; na Bolívia. Em novembro deste ano, o ex-presidente boliviano Evo Morales disse ter sido vítima de um golpe de Estado ao renunciar ao governo.