postado em 07/12/2019 04:03
O PSDB, que governou o país por dois mandatos, tenta sobrevivência e busca uma repaginada. A sigla lançou uma pesquisa pública, pela internet, para filiados e simpatizantes, com o objetivo de decidir o rumo que deve tomar. O resultado baseará a discussão que ocorre, hoje, no Congresso Nacional da legenda, no Centro de Convenções Brasil 21, a partir das 8h30. Do encontro, devem sair novas diretrizes do partido.
A consulta tratou de questões consideradas polêmicas, como redução da maioridade penal, fim da estabilidade do funcionalismo, foro privilegiado, posse e porte de armas, pagamento de mensalidade em universidades públicas para mais ricos, demarcação de terras indígenas, manutenção ou não de Bolsa Família, legalização da maconha, aceitação ou não de doações internacionais para a preservação de biomas e o papel do Sistema Único de Saúde (SUS).
O vice-líder do PSDB na Câmara, deputado Beto Pereira (MS), afirmou que o partido estará preparado para encarar as mudanças propostas. ;Queremos saber sobre o sentimento dos nossos filiados. O que for maioria, será baliza para atuação em ambas as casas (Senado e Câmara);, destacou. ;É importante entender que o partido terá de tomar posição equilibrada diante dos temas. A questão da posse e porte, por exemplo, muitas vezes, pode haver flexibilidade na posse e certa restrição ao porte. Buscamos equilíbrio.;
Questionado sobre o alinhamento político do PSDB, o deputado caracteriza a sigla como de centro-direita. ;Não vejo razões para dizer que somos um partido de direita. O antigo PSL do Bolsonaro foi que se aproximou do PSDB, sempre fomos um partido reformista;, frisou. A reforma da Previdência foi conduzida pelo PSDB na Câmara e no Senado.;
Pereira ainda comentou sobre a possibilidade de o governador de São Paulo, João Doria, ser candidato à Presidência da República em 2022. ;Doria tem de estar focado em fazer um governo exitoso. Se fizer, naturalmente será lembrado numa disputa nacional;, ressaltou. Sobre uma eventual coalizão com o DEM para a corrida presidencial, o parlamentar disse que os dois têm ;mais convergências do que divergências;;.
O senador Izalci Lucas, vice-líder tucano na Casa, lembrou a contribuição do PSDB em diversas áreas, como no Plano Real. Ele afirmou que a sigla quer deixar de ser vista pelo estigma da indecisão. ;Temos de apresentar novas propostas. O partido quer tirar essa pecha de ;em cima do muro; e tomar decisões mais firmes. Por isso, ouvimos o eleitorado. Os assuntos que ficarem claros que a grande maioria defende deverão ser parte da nossa posição. Aqueles em que o resultado da consulta houver empate técnico, teremos de debater um pouco mais no Congresso;, explicou.
Alternativa
O cientista político Cristiano Noronha afirmou que a tendência é de que o PSDB se volte para o centro. ;Há pesquisas que já mostram que Bolsonaro tem o eleitorado dividido. Temos 30% de eleitores que acham o trabalho até agora regular, meio-termo. São nesses 30% que o PSDB vai buscar trabalhar. Esse pessoal está em busca de um candidato que não seja nem de esquerda nem de direita;, destacou.
Para Noronha, diante da polarização que vivemos, o eleitor exige que as legendas se posicionem sobre determinados temas. ;Ele vai buscar essa reconexão com o eleitor. O partido foi reconhecido nos anos 1990, pela estabilidade econômica e moeda forte, mas se perdeu ao longo do tempo, ficou distante do eleitor;, avaliou.