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Zema: ''2020 é o ano da recuperação fiscal em Minas''

Novato na política, chefe do Executivo mineiro está otimista com as medidas saneadoras das contas do estado no próximo ano. Ao CB.Poder, ele ressalta a importância de combater abusos no funcionalismo e prosseguir com o programa de privatizações

Ingrid Soares
postado em 11/12/2019 06:00

[FOTO1]Romeu Zema, 55 anos, nasceu em Araxá, na região do Triângulo Mineiro, e comandou por mais de 15 anos o Grupo Zema, empresa familiar formada por lojas de eletrodomésticos, distribuição de combustíveis, concessionárias e financeiras. Em 2018, ainda estreante na política, candidatou-se a governador de Minas Gerais pelo partido Novo e venceu o segundo turno com 71,8% dos votos válidos contra o ex-governador e senador Antonio Anastasia (PSDB), que ficou com 28,20 da preferência dos eleitores.


Zema recebeu o estado com déficit de R$ 34 bilhões. De perfil liberal, ele tem como um dos principais desafios resolver a crise financeira que assola o estado mineiro. Em entrevista ao CB.Poder, parceria do Correio e da TV Brasília, Zema fez um balanço do primeiro ano de governo e destacou o aumento de 140% no número de demissões ligadas a atos de corrupção. Cargos de confiança também passarão por enxugamento. Apesar da economia, o governador apontou a necessidade de reformas. Ele citou a reforma da Previdência, a administrativa e as privatizações como essenciais para o alavancamento do Estado. Caso o estado não vote em breve as reformas, diz, Minas caminhará para se transformar em um ;Rio de Janeiro 2; em relação ao descontrole das contas públicas.

Confira os principais trechos da entrevista:

Qual o balanço deste ano tão difícil?

Realmente a situação de Minas é muito difícil, muito complicada. Já reduzimos mais de 40 mil cargos dentro do Poder Executivo. Isso representa uma redução de despesa da ordem de R$ 2,5 bilhões e meio por ano, está longe de resolver o problema do nosso déficit que é coisa de R$ 15 bilhões por ano. Além disso, estamos renegociando contratos e tomando uma série de medidas de economia para evitar desperdícios. Com isso deveremos alcançar uma economia de quase R$ 5 bilhões no primeiro ano, e um valor superior no segundo ano. Mas tudo o que o Executivo fizer não é suficiente. Precisamos em Minas Gerais de reformas estruturais.

Por exemplo?

A reforma da Previdência, administrativa e privatizações. No primeiro ano, fizemos grande avanços, colocamos em dia os repasses das prefeituras que o último governo não fazia. As prefeituras estavam quebrando, todas sem receber os repasses constitucionais. Firmamos o maior acordo da história do Estado: R$ 7,3 bilhões, dos quais nos comprometemos a pagar em 30 parcelas o que o último governo deixou de pagar. Além disso, pagamos o 13; de 2018 parcelado, que o último governo também não honrou. Hoje, o funcionário público do Estado sabe a data em que vai receber o atrasado. Porque antes ele recebia atrasado e nem a data ele tinha conhecimento.

E no setor privado?

Apesar da falta de recursos, conseguimos criar de acordo com o Ministério do Trabalho, de janeiro até outubro, 123 mil vagas com carteira assinada. Só perdemos para São Paulo e, proporcionalmente, estamos melhores do que São Paulo. Tenho transformado o estado num estado amigo de quem trabalha, de quem investe e de quem gera empregos. Minas estava se tornando um estado hostil a quem faz isso.

Os funcionários públicos estão muito ansiosos com o pagamento do 13; deste ano. O senhor teve a questão do nióbio, a antecipação de receitas que foi suspensa pela área de Contas do estado. Como ficará o 13; de 2019?

Eu continuo otimista de que vai sair a operação. O Tribunal de Contas questionou, mas tudo indica que isso será votado lá e não será barrado. O governo federal recentemente fez leilão de petróleo, ninguém sabe se o petróleo vai cair ou subir amanhã. E o nióbio que eles alegam que vai subir o preço, pode cair. Se o mundo entrar numa recessão, pode ser que o valor até caia e quem comprou esse nióbio em um mercado futuro venha até perder ao invés de ganhar. Mas eu continuo otimista, a operação agora depende da Bolsa de Valores em São Paulo. Vai ser uma operação totalmente transparente. Mais de 30 instituições financeiras se inscreveram e devem participar porque é uma operação que atrai interesse. Mas é um paliativo. Resolve os problemas do Estado por seis meses até meados do ano.

E depois?

Como o estado continua gastando mais do que arrecada, principalmente com funcionalismo que tem promoções automáticas, reajustes previstos em leis, aposentadorias precoces, nós vamos voltar naquele ponto. Precisamos das reformas estruturais que encaminharemos à Assembleia Legislativa, que permitirão ao Estado economizar e aderir ao regime de recuperação fiscal. 2020 é o ano de recuperação fiscal em Minas. Se Minas não aderir, não temos plano B. Falo que vai ser só uma questão de tempo. Se a Assembleia não achar conveniente que o Estado venha a aderir em 2020, ele vai ter que fazer em 21, 22, 23 e 24. Enquanto isso não acontecer, a doença só aumenta. O tamanho do tumor só vai crescer nesse período.

Haverá demissão de funcionários públicos?

Estamos seguindo a lei. Minas Gerais tem muitos funcionários nomeados designados em cargos de confiança. Estamos fazendo os ajustes nesses casos. Esses serão reduzidos. E tivemos aumento esse ano em 140% em demissões provocadas por desvios de conduta, corrupção, etc. A nossa Controladoria não está sendo leniente como foi no passado, amordaçada. Estamos demitindo quem merece ser demitido, mas estamos respeitando a estabilidade.

O que o senhor quer privatizar?

De preferência, tudo. E se não for possível tudo, a maior quantidade de empresa. Nós temos que lembrar que todas as empresas de Minas, Cemig, Copasa e Gasmig que são as principais, de certa forma, estão sucateadas. O Estado falido, nesses últimos anos, retirou delas muito mais recursos do que poderia, via dividendos e antecipação de impostos. Coisas absurdas foram feitas. A Cemig precisa de R$ 21 bilhões para colocar a vida em dia. O Estado tem esse dinheiro? Nunca. Um investidor privado teria.

Para quando seria a privatização? Já tem um cronograma?

A nossa ideia é que seja feita de preferência agora em 2020 ou 2021. Nós encaminharemos para a Assembleia.

Qual a mensagem para 2020?

Estou confiante. O brasileiro tem amadurecido. A minha eleição é prova disso. As pessoas querem uma gestão séria, uma gestão competente e não aquela politicagem que nós já vimos, que não dá certo. O Brasil precisa se reinventar no campo político e é uma leva nova de políticos que estão aí que vão fazer a diferença. O Brasil tem que acabar com a corrupção e com a ineficiência do Estado.

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