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Deputado alinhado a Aécio vai assumir liderança do PSDB na Câmara em 2020

Definição do novo líder da bancada tucana na Câmara dos Deputados expõe disputa interna acirrada no partido, a exemplo do que ocorre na sigla que elegeu o presidente Jair Bolsonaro. Aécio Neves e João Doria protagonizam queda de braço

Alessandra Azevedo, Jorge Vasconcellos
postado em 14/12/2019 07:00
[FOTO1]A briga pela liderança do PSDB na Câmara foi o centro das atenções de parlamentares nos últimos dias. Depois de uma disputa acirrada, o deputado Celso Sabino (PA), nome defendido pela ala mais alinhada a Aécio Neves (MG), assumiu nesta sexta-feira (13/12) a função, no lugar de Carlos Sampaio (SP). O concorrente, Beto Pereira (MS), considerado o candidato do governador de São Paulo, João Doria (SP), perdeu por apenas um voto.

Sabino só assumiu a liderança porque o deputado Miguel Haddad (SP), suplente, deixou a cadeira e, com isso, Pereira perdeu um voto. Haddad seria o responsável por garantir a vitória do candidato de Doria, por critério de idade, já que é quatro meses mais velho do que o escolhido por Aécio. Com a saída do suplente, o deputado mineiro apresentou uma lista com 16 nomes a 15 e resolveu a pendência.

Após uma decisão tão difícil, o clima entre os tucanos está tão tenso que lembra a crise do PSL. Os ânimos continuam exaltados, com discussões internas e troca de farpas. Sabino entra no cargo com a missão de ser um grande conciliador. Primeiro, precisa restaurar o equilíbrio em uma legenda dividida. Em seguida, elevar o partido ao status de melhor alternativa ao radicalismo. Ao Correio, Sabino afirmou que o PSDB terá ;a ousadia de ser ponderado, em um Congresso tão polarizado;.

A nova liderança tucana defende um posicionamento firme, mas ;sem agressões;, para sobressair no cenário em que ;o que mais vende, mais dá curtidas e comentários é o radicalismo;. Na avaliação de boa parte dos deputados, para conseguir sustentar a atuação coesa que promete, a primeira atitude do novo líder deve ser sentar com os dois lados da disputa e resolver os impasses.

Apaziguar a situação é mais importante, no momento, do que definir as pautas prioritárias dos próximos meses. Um dos defensores da política conciliadora é o deputado Lucas Redecker (PSDB-RS), que acredita que a busca deve ser por ;uma composição entre os dois lados;. ;É preciso uma negociação para se agregar a bancada, para ter condição de negociar com todo mundo;, afirmou o deputado, vice-líder do partido na Câmara.

A sugestão de que cada um dos candidatos fique seis meses no cargo, levantada nos últimos dias, não foi completamente descartada, na avaliação de Redecker. ;Ainda se pode conversar sobre isso. Acho que nada é impossível;, disse. Ele considera natural que alguns deputados estejam hostis, de um lado e de outro, depois de uma disputa tão dividida, mas garantiu que ;não tem briga, de fato;.

Apesar das divergências, parlamentares dizem não concordar com a divisão por nomes influentes. ;Não existe isso de candidato de Doria e de Aécio. Não foi o que pautou a decisão;, destacou Redecker. Vice-líder do PSDB no Senado, Izalci Lucas (DF) negou que o suposto racha entre os tucanos foi refletido na disputa pela liderança do PSDB na Câmara. ;O processo foi acirrado porque tínhamos dois ótimos candidatos concorrendo, jovens e muito talentosos;, argumentou.

No mesmo sentido, Sabino ressaltou que a disputa foi ;como qualquer outra; e garantiu que todos vão continuar amigos. ;O concorrente também tem suas qualidades, teve candidatura de forma legítima, como a nossa. Mas chegamos com maioria absoluta e agora vamos olhar para a frente;, disse o novo líder. O foco do PSDB, agora, é ;presença no plenário e participação efetiva nas comissões;, resumiu.

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