Jornal Correio Braziliense

Politica

'Um pequeno problema'



O presidente Jair Bolsonaro disse ontem não ter ;nada a ver; com as investigações do Ministério Público do Rio de Janeiro sobre atividades suspeitas do senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ). Em frente ao Palácio da Alvorada, onde costuma conversar com apoiadores, o presidente chamou as investigações de ;pequenos problemas;.

;O Brasil é muito maior do que pequenos problemas. Eu falo por mim. Problemas meus, podem perguntar que eu respondo. Dos outros, não tenho nada a ver com isso;, disse o presidente , ao comentar a operação de busca e apreensão executada, na quarta-feira, em endereços ligados ao seu primogênito. ;Se eu afundar, vocês afundam juntos;, completou. Diante da insistência da imprensa, o chefe do governo propôs que os repórteres procurassem seu advogado, Frederick Wassef, que também defende Flávio.

Perguntado se considerava a atuação do MP-RJ uma perseguição ao seu filho, Bolsonaro envolveu o governador fluminense Wilson Witzel, seu adversário político. Ele afirmou que a inteligência do governo identificou uma gravação que tentou relacioná-lo a milicianos. ;Vocês sabem o caso Witzel, que foi amplamente divulgado. A inteligência levantou. Já foram gravadas conversas de dois marginais usando meu nome para dizer que sou miliciano;, disse, sem dar detalhes da suposta gravação.

Preocupação

O presidente também falou sobre investigações que ele próprio enfrenta, como a relacionada ao crime de racismo, que acabou arquivada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Citou ainda a multa por crime ambiental por pescari em uma reserva ecológica e o depoimento de um porteiro que associou seu nome ao inquérito sobre a morte da vereadora Marielle Franco (PSol-RJ).

;Ainda querem achar que eu estou no caso Marielle. Uma quarta-feira, em que eu estava em Brasília, não estava lá (no Rio). Vamos supor que se o João quisesse matar a Marielle no Rio, ele ia estar em Roraima naquele dia para dizer que não estava lá;, disse.

Os desdobramentos do caso Flávio agravaram ainda mais as preocupações do presidente, que tem se queixado a aliados de que as investigações fazem parte de uma manobra para atingir o governo. Conforme uma ordem repassada aos ministros, nenhum deles deve tratar do caso publicamente. O temor do presidente é de que as investigações sejam exploradas politicamente pela oposição. (JV)