postado em 20/12/2019 04:04
A Liga Árabe condenou, ontem, a abertura de um escritório comercial do Brasil em Jerusalém e alertou o governo brasileiro sobre os planos de transferência da embaixada do país em Israel para a Cidade Santa. ;A Liga Árabe acredita que a decisão do Brasil é unilateral e ilegítima e considera que apoia políticas ilegais de ocupação israelense;, indica um comunicado da organização, que fez uma reunião de emergência no Cairo, a pedido da Palestina.
Numa cerimônia realizada no domingo em Israel, na abertura da representação brasileira, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro, confirmou a intenção do pai de transferir a embaixada de Tel Aviv para Jerusalém. A Liga Árabe alertou que a mudança na política de Brasília ;prejudicaria seriamente as relações e os interesses árabe-brasileiros;.
O Ministério das Relações Exteriores emitiu um comunicado esclarecendo que a abertura do escritório comercial em Jerusalém se deve ao desejo de ;priorizar as questões de inovação, tecnologia, parcerias estratégicas; e que ;não prejudica a importância e a qualidade; das relações do Brasil com os países árabes. O Brasil ;continua mantendo excelentes relações com os países árabes, como demonstrado pelos resultados; da visita de Bolsonaro a vários países da região (Emirados Árabes Unidos, Catar e Arábia Saudita) no final de outubro, diz a nota.
Durante a visita a Israel, em março, Jair Bolsonaro anunciou a abertura de um escritório da Apex (a agência brasileira de promoção de comércio e investimento) em Jerusalém, uma iniciativa que ele definiu como o primeiro passo para a transferência da embaixada. Bolsonaro prometeu a mudança durante a campanha à Presidência no ano passado, satisfazendo uma reivindicação das igrejas neopentecostais que apoiaram sua candidatura. Mas a pressão do agronegócio o forçou a adiar a decisão, por temer represálias dos países árabes, mercados importantes para as carnes brasileiras.
O status de Jerusalém é uma das questões mais delicadas no conflito israelense-palestino. Israel ocupa a parte oriental do país desde 1967 e anexou a região, um ato que nunca foi reconhecido pela comunidade internacional. Israel considera toda a cidade como sua capital; os palestinos querem fazer do lado oriental a capital do Estado que almejam criar.