postado em 21/12/2019 04:04
A Polícia Federal prendeu, na noite de quinta-feira, o ex-governador da Paraíba Ricardo Coutinho (PSB) no Aeroporto de Natal, logo após ele chegar ao Brasil, por volta das 22h40, de uma viagem de férias. O político teve a prisão preventiva decretada no âmbito da sétima fase da Operação Calvário, desencadeada na última terça-feira, para investigar grupo que desviou R$ 134,2 milhões dos recursos da saúde do estado.
O ex-governador havia declarado em sua página no Instagram que anteciparia o retorno ;para se colocar à inteira disposição da Justiça brasileira e lutar e provar sua inocência;. Após a prisão, ele foi levado a João Pessoa, passou por exame de corpo de delito e foi encaminhado à sede da Polícia Federal.
Coutinho foi um dos alvos das 17 ordens de prisão decretadas pelo desembargador Ricardo Vital de Almeia, do Tribunal de Justiça da Paraíba, no âmbito da Operação Juízo Final ; como foi batizada a sétima etapa da Calvário. Na terça-feira, a PF prendeu a deputada estadual Estela Bezerra e a prefeita de Conde, Márcia de Figueiredo Lucena Lira, ambas do PSB, além de Waldson Sousa, Cláudia Verás e Gilberto Carneiro da Gama, ex-secretários durante o governo de Coutinho.
A ação ainda realizou 54 buscas, parte delas contra o atual governador João Azevêdo e três conselheiros do Tribunal de Contas do Estado, André Carlo Torres, Nominando Diniz e Arthur Cunha Lima. As medidas contra tais investigados foram determinadas pelo ministro Francisco Falcão, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), por causa da prerrogativa de foro dos envolvidos.
Propina mensal
O Ministério Público aponta que Coutinho seria o líder de uma organização criminosa que se instalou na área da saúde de sua administração por dois mandatos, entre 2011 e 2018. Segundo delatores da Calvário, o ex-governador teria recebido propina mensal de R$ 360 mil, apenas da área da saúde.
A ex-procuradora-geral da Paraíba, que também ocupou o cargo de secretária da Administração do Estado, Livânia Farias, relatou, em colaboração premiada, uma rotina de entregas de dinheiro em espécie na Granja Santana, residência oficial do governador, na época em que Ricardo Coutinho comandava o estado da Paraíba. Até 2018, último ano do segundo mandato do então governador, ela afirmou ter feito a entrega de R$ 4 milhões.
;Ricardo Coutinho era o responsável direto tanto pela tomada de decisão dentro da empresa criminosa quanto pelos métodos de arrecadação de propina, sua divisão e aplicação;, assinalou o Ministério Público.
A Promotoria indicou ainda que o suposto grupo do ex-governaor mantinha uma ;sólida estrutura; no Palácio da Redenção contando com um núcleo político, um econômico, um administrativo e um operacional. Segundo o MP, o ex-governador tinha ;ascensão total; sobre os outros poderes da Paraíba, inclusive o Tribunal de Contas do estado.